Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

O MACULELÊ COMO CONTEÚDO AFRO-INDÍGENA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RELATO A PARTIR DAS INTERVENÇÕES NO PIBID

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A discussão no campo teórico sempre proporciona debates e discussões acadêmicas importantes para formação de professores, porém a dificuldade em materializar o conteúdo em nossas práticas pedagógicas se torna complexa, em especial quando se trata dessa temática que nos impõe uma necessidade latente em ser trabalhada na escola. Portanto, buscamos expor aqui uma experiência que o coletivo PIBID realizou no ano de 2013, com os conteúdos afro-brasileiros e indígena, em uma escola de tempo integral do Estado de Goiás chamada Madre Natividade em Catalão-GO. O contexto pelo qual estávamos imersos se caracterizava por violência e barbárie por parte dos alunos, à disciplina de Educação Física não existia e o PIBID atuava em um "projeto de práticas esportivas", além de problematizarmos o modelo esportivista desse projeto, exaltamos o trato com todos os conteúdos da cultura corporal de movimento e a experiência independentemente da limitação esportiva exteriorizada pela gestão escolar. Naquela ocasião tínhamos como público-alvo alunos do primeiro, segundo e terceiro anos do Ensino Fundamental, e propusemos trabalhar com o Maculelê que é tratado como dança/jogo/luta de matriz afro-brasileira e indígena que se caracteriza por ser jogado/dançado/lutado com dois bastões (esgrimas) de madeira, um em cada mão. Esses bastões são responsáveis por ditar o ritmo e a percussão desse tipo de manifestação, em que a mesma se baseia também em uma lenda que conta a história de um negro chamado Maculelê. Essa experiência se realiza com o trato metodológico de uma manifestação cultural inserida atualmente nos rituais da Capoeira e demarcada com potencial de Patrimônio Imaterial da Humanidade. Esta dança/jogo/luta de matriz afro-brasileira e indígena coloca-se como expressão de interação social, que vem tratada pelo coletivo PIBID, como eixo temático, que viabiliza a interface entre os conteúdos da cultura corporal: Jogos e Brincadeiras, Dança, Ginástica Geral e Lutas. Assim, expomos a experiência metodológica de produção audiovisual, leitura, linguagem corporal e artística e vivência da cultura corporal de movimentos no trato do Maculelê enquanto expressão cultural afro-brasileira e indígena na escola. Ressaltamos o processo de formação e intervenção teórico-metodológico do coletivo PIBID, que buscou garantir um embasamento e repertório corporal e artístico para tratar dos movimentos, ritmos e letras de músicas imanentes a cultura do Maculelê e capoeira. Houve um levantamento bibliográfico com a construção e apreensão de fontes de dados acerca do universo desta manifestação cultural em livros, sites, artigos, vídeos e outras formas impressas. No trato dos conteúdos de Jogos e Brincadeiras na transição e nexos com o de dança, que se deram os processos de ensino aprendizagem com o Maculelê. Num primeiro momento foi trabalhada a história da lenda/mito em forma de áudio visual, com aspectos literários, históricos e lúdicos acessíveis aos alunos. Nesta vivência, eles puderam exercer a experimentação da leitura escrita, da audição da narrativa da lenda/mito e da música/trilha, do reconhecimento dos personagens, da imaginação, como mediadores do acesso ao conhecimento dessa manifestação da cultura afro-indígena. Aqui pode se afirmar a ampliação da consciência histórica, a reflexão posta sobre o conto da lenda/mito exaltaram a valorização do Maculelê como conhecimento historicamente formado, ilustrando a historicidade contextual da escravidão e as injustiças desumanas com o negro naquele momento histórico, visando uma reflexão de orientação para vida prática com potencial para ampliação histórica sobre a importância desta cultura. Trouxe em sua narrativa a legitimação do negro como protagonista e herói, valorizou a cultura afro-indígena como espaço de produção de saber histórico e cultural. Sendo assim, podemos apontar que a metodologia empregada do coletivo PIBID de forma literal, imaginativa, lúdica ao público alvo pôde de certa forma estabelecer sentido histórico formativo para os alunos. Posteriormente, foram ensinados os elementos básicos dessa técnica corporal de movimento; inicialmente com a movimentação feita com pés, mãos e ritmos em expressão corporal junto à apreensão de letras de cantigas do universo do Maculelê e capoeira; depois foram confeccionados os bastões/esgrimas com papel jornal e fita crepe, construídos em oficina junto com os alunos. Houve a possibilidade vivência do Maculelê com todos/as alunos/as dos 3º anos da escola. A partir da realização conjunta do coletivo PIBID com a comunidade escolar da escola parceira da Festa Junina, houve a indicação de que fosse criada e apresentada uma coreografia de Maculelê. Os processos de vivência, criação e ensaio com os alunos foi repleto de dificuldades e desafios, por conta do contexto de desregramento e violência na escola. Cabe ressaltar que foi uma vivencia de realização e superação para os Pibidianos e alunos da escola. Em nossa avaliação essa intervenção foi de grande importância para os alunos, pois nos momentos em que ministramos aulas do componente curricular da Educação Física abordando o tema da cultura afro-brasileira e indígena presenciou-se ocasiões de preconceito por parte dos alunos, visto que alguns apresentavam resistência para participar da prática dizendo que a dança ensinada era macumba, que logo depois se constatou a desmistificação dessa concepção e uma nova concepção de diversidade cultural, em especial no campo étnico-racial. Palavras-chave: PIBID,Maculelê, Educação Física, étnico-racial.. Referências FERREIRA, A. C. P. Docência, Formação e Experiências Curriculares, Pedagógicas e Metodológicas do PIBID pertinentes à Educação Física Escolar Contemporânea. Subprojeto de Licenciatura em Educação Física. EDITAL Nº 80/2013/PIBID/UFG. Formulário de Detalhamento do Subprojeto por Área de Conhecimento. PROGRAD/UFG, 2013. FONSECA, M. V ; SILVA, C. M. N ; FERNANDES A. B.( Orgs.)Aprender, ensinar e relações étnico-raciais.Belo Horizonte: Mazza edições, 2011. 215 p. GOMES, N. L. Educação, relações étnico-racial e a Lei 10.639/03. Acessado em 20 jul.2013. Disponível em http://www.acordacultura.org.br/artigo-25-08-2011 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD, 2006. OLIVEIRA, T. C. F. Discriminação racial do negro como forma de reprodução na escola e nas aulas de Educação Física. 2000. 49f. 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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

O MACULELÊ COMO CONTEÚDO AFRO-INDÍGENA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RELATO A PARTIR DAS INTERVENÇÕES NO PIBID Paulo Maciel Cordeiro Martins[1] / paulo.maciel.martins@gmail.com/ Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão. Andreia Cristina Peixoto Ferreira[2] / Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão. Eixo Temático: 4 - Educação, diversidade e Inclusão social. Resumo Torna se cada vez mais premente a realização de estudos e práticas pedagógicas que abordem a questão do trato dos conhecimentos relativos à História e Cultura Afro-Brasileira e indígena nas disciplinas do currículo escolar. A Educação Física enquanto componente curricular, que deve tratar metodologicamente dos conteúdos da cultura corporal, se coloca no campo dessa demanda de experiências pedagógicas. A discussão no campo teórico sempre proporciona debates e discussões acadêmicas importantes para formação de professores, porém a dificuldade em materializar o conteúdo em nossas práticas pedagógicas se torna complexa, em especial quando se trata dessa temática que nos impõe uma necessidade latente em ser trabalhada na escola. Portanto, buscamos expor aqui uma experiência que o coletivo PIBID realizou no ano de 2013, com os conteúdos afro-brasileiros e indígena, em uma escola de tempo integral do Estado de Goiás chamada Madre Natividade em Catalão-GO. O contexto pelo qual estávamos imersos se caracterizava por violência e barbárie por parte dos alunos, à disciplina de Educação Física não existia e o PIBID atuava em um "projeto de práticas esportivas", além de problematizarmos o modelo esportivista desse projeto, exaltamos o trato com todos os conteúdos da cultura corporal de movimento e a experiência independentemente da limitação esportiva exteriorizada pela gestão escolar. Naquela ocasião tínhamos como público-alvo alunos do primeiro, segundo e terceiro anos do Ensino Fundamental, e propusemos trabalhar com o Maculelê que é tratado como dança/jogo/luta de matriz afro-brasileira e indígena que se caracteriza por ser jogado/dançado/lutado com dois bastões (esgrimas) de madeira, um em cada mão. Esses bastões são responsáveis por ditar o ritmo e a percussão desse tipo de manifestação, em que a mesma se baseia também em uma lenda que conta a história de um negro chamado Maculelê. Essa experiência se realiza com o trato metodológico de uma manifestação cultural inserida atualmente nos rituais da Capoeira e demarcada com potencial de Patrimônio Imaterial da Humanidade. Esta dança/jogo/luta de matriz afro-brasileira e indígena coloca-se como expressão de interação social, que vem tratada pelo coletivo PIBID, como eixo temático, que viabiliza a interface entre os conteúdos da cultura corporal: Jogos e Brincadeiras, Dança, Ginástica Geral e Lutas. 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