Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

LETRAMENTO DOCENTE NO CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS: O ETHOS (AUTO)CONSTITUÍDO EM PRODUÇÕES TEXTUAL-DISCURSIVAS NA ESFERA ACADÊMICO-CIENTÍFICA

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Na perspectiva que estamos adotando, refletimos sobre a importância de analisar gêneros textuais/discursivos, produzidos por esses estudantes, em processos de leitura de textos acadêmicos, no âmbito linguístico, e a sua posterior produção, por meio de textos em que fiquem evidenciadas marcas de autoria desses sujeitos em formação inicial - o que trataremos como categoria do Ethos (auto)declarado desses sujeitos nos gêneros: relatórios de estágio, memórias, diários autorreflexivos, artigo de opinião, entre outros. Assim, a investigação em andamento, de natureza qualitativa, visa contar com um corpus, constituído por produções de graduandos do Curso Letras, de períodos distintos, que já demonstrem algumas reflexões sobre as suas futuras práticas docentes em gêneros por eles produzidos. Para tratarmos da categoria do Ethos na análise das produções coletadas, reconhecemos a importância de estudos que se voltem à argumentação em sua multiplicidade discursiva, tendo em vista que a concebemos como uma atividade inerente à linguagem humana, em afinidade com aquilo defendido por Ducrot (1987), no que diz respeito a uma breve conceituação em relação à necessidade de estudos argumentativos à luz da Teoria da Argumentação na Língua, do ponto de vista linguístico-enunciativo. Assim, o sujeito, a partir da sua compreensão/inserção no processo argumentativo, projeta-se na perspectiva de convencer e/ou persuadir o outro, mobilizando conhecimentos de ordem linguística e retórico-discursiva, no plano oral ou escrito. A articulação desses saberes, com vistas a um auditório, pode ser entendida, sob a ótica dos estudos bakhtinianos, como um princípio de interação verbal, pois, ao tempo em que esse sujeito enuncia, anuncia-se, demarca-se, nesse processo interativo (BAKHTIN, 1981[1979]; 2003[1992]). É, nesse prisma, que tratamos da inter-relação estabelecida entre tais estudos retóricos aos discursivos. Com base nas críticas existentes sobre a capacidade do professor para ensinar a ler e escrever, como também acerca de sua própria condição de sujeito letrado, os estudos sobre letramento e formação do professor propõem redirecionamentos importantes para o tratamento dessa questão, com um enfoque bastante diferenciado daqueles que assumem um caráter meramente prescritivo. Entre as propostas imperativas dessa outra abordagem sobre os usos e funções da escrita na formação dos professores, evidenciamos, como a mais importante, o reconhecimento do professor como um sujeito participante de todo o processo de reflexão sobre a sua formação. A importância do presente estudo se dá por considerarmos, em afinidade com alguns pesquisadores que tratam dessa temática, que a reflexão sobre essas questões aponta, recorrentemente, para a necessidade de atrelar as discussões sobre as práticas do uso e funções da escrita nas relações sociais a uma concepção de linguagem correspondente. Sob essa perspectiva, somente uma visão de linguagem como prática discursiva atende a esse objetivo de imbricar os usos da escrita e da leitura (também vistas como práticas discursivas) com os aspectos sócio-históricos e ideológicos. Os gêneros, que temos disposto como corpus, produzidos pelos graduandos do Curso de Licenciatura em Letras, estão sendo concebidos, à luz das teorias adotadas, como um posicionamento desses sujeitos em relação aos seus letramentos docentes durante a etapa inicial de formação, imprescindível ao desenvolvimento de sujeitos reflexivos em relação a suas práticas discursivas no plano do ensino de Língua Portuguesa. Como estamos propondo, ao longo desta discussão, a metodologia ora apresentada, insere-se numa abordagem qualitativa de investigação/aplicação, em que os sujeitos colaboradores estão sendo convidados à participação voluntária, a partir de suas atuações em oficinas/minicursos, promovidos em afinidade aos objetivos desta pesquisa. Afinamo-nos aos preceitos relativos à pesquisa-ação de cunho colaborativo, no contexto do ensino, em que nos fazemos valer de oficinas e de materiais produzidos pelos colaboradores em contextos de sua formação universitária/acadêmica para constituição do corpus (LÜDKE & ANDRÉ, 1986; THIOLLENT,1988). Os resultados que iremos apresentar dizem respeito a uma oficina sobre o gênero Artigo de Opinião, realizada no Instituto Federal de Alagoas, Campus Maceió, contando com nove colaboradores. Temos percebido, diante das práticas de letramento observadas no âmbito docentes, que a possível dificuldade de argumentar, apresentada em grande parte pelos colaboradores, podem indicar tanto a falta de trabalho com essa prática na educação básica, bem como no ensino superior. As produções analisadas, majoritariamente, apresentam-se tipologicamente como expositivas, o que, a nosso ver, impossibilita não somente a constituição do Ethos, mas também, e sobretudo, o seu letramento docente/acadêmico, numa perspectiva mais crítica e reflexiva. Palavras-chave: Letramento docente; Ethos (auto)constituído; Curso de Licenciatura em Letras Referências bibliográficas: BAKHTIN, M. Gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal: introdução e tradução do russo Paulo Bezerra; prefácio à edição francesa Tzvetan Todorov. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 [1992]. .Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec,1996 [1979]. DUCROT, O. O dizer e o dito. Campinas, SP: Pontes, 1987. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MOITALOPES, L.P.(Org.) Por uma Lingüística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola,2006. STREET, B. Literacy in theory and practice. London. Cambridge University Press, 1984. STREET, B. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2014. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 4.ed. São Paulo: Cortez, 1988. "
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Afinamo-nos aos preceitos relativos à pesquisa-ação de cunho colaborativo, no contexto do ensino, em que nos fazemos valer de oficinas e de materiais produzidos pelos colaboradores em contextos de sua formação universitária/acadêmica para constituição do corpus (LÜDKE & ANDRÉ, 1986; THIOLLENT,1988). Os resultados que iremos apresentar dizem respeito a uma oficina sobre o gênero Artigo de Opinião, realizada no Instituto Federal de Alagoas, Campus Maceió, contando com nove colaboradores. Temos percebido, diante das práticas de letramento observadas no âmbito docentes, que a possível dificuldade de argumentar, apresentada em grande parte pelos colaboradores, podem indicar tanto a falta de trabalho com essa prática na educação básica, bem como no ensino superior. 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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

O presente trabalho é um relato parcial do projeto de pesquisa sobre Letramento Docente e se presta a analisar práticas de leitura e escrita, em especial, no Curso de Licenciatura em Letras. Atualmente, os estudos sobre os letramentos, tanto na perspectiva social quanto na escolar/acadêmica, têm sido um dos grandes motes discursivos no campo das linguagens - em suas múltiplas formas - sobretudo, as que se prestam a uma perspectiva funcionalista, a exemplo da linha de estudos da Linguística Aplicada (STREET, 1984; 2014; MOITA LOPES, 2006). Na perspectiva que estamos adotando, refletimos sobre a importância de analisar gêneros textuais/discursivos, produzidos por esses estudantes, em processos de leitura de textos acadêmicos, no âmbito linguístico, e a sua posterior produção, por meio de textos em que fiquem evidenciadas marcas de autoria desses sujeitos em formação inicial - o que trataremos como categoria do Ethos (auto)declarado desses sujeitos nos gêneros: relatórios de estágio, memórias, diários autorreflexivos, artigo de opinião, entre outros. Assim, a investigação em andamento, de natureza qualitativa, visa contar com um corpus, constituído por produções de graduandos do Curso Letras, de períodos distintos, que já demonstrem algumas reflexões sobre as suas futuras práticas docentes em gêneros por eles produzidos. Para tratarmos da categoria do Ethos na análise das produções coletadas, reconhecemos a importância de estudos que se voltem à argumentação em sua multiplicidade discursiva, tendo em vista que a concebemos como uma atividade inerente à linguagem humana, em afinidade com aquilo defendido por Ducrot (1987), no que diz respeito a uma breve conceituação em relação à necessidade de estudos argumentativos à luz da Teoria da Argumentação na Língua, do ponto de vista linguístico-enunciativo. Assim, o sujeito, a partir da sua compreensão/inserção no processo argumentativo, projeta-se na perspectiva de convencer e/ou persuadir o outro, mobilizando conhecimentos de ordem linguística e retórico-discursiva, no plano oral ou escrito. A articulação desses saberes, com vistas a um auditório, pode ser entendida, sob a ótica dos estudos bakhtinianos, como um princípio de interação verbal, pois, ao tempo em que esse sujeito enuncia, anuncia-se, demarca-se, nesse processo interativo (BAKHTIN, 1981[1979]; 2003[1992]). É, nesse prisma, que tratamos da inter-relação estabelecida entre tais estudos retóricos aos discursivos. Com base nas críticas existentes sobre a capacidade do professor para ensinar a ler e escrever, como também acerca de sua própria condição de sujeito letrado, os estudos sobre letramento e formação do professor propõem redirecionamentos importantes para o tratamento dessa questão, com um enfoque bastante diferenciado daqueles que assumem um caráter meramente prescritivo. Entre as propostas imperativas dessa outra abordagem sobre os usos e funções da escrita na formação dos professores, evidenciamos, como a mais importante, o reconhecimento do professor como um sujeito participante de todo o processo de reflexão sobre a sua formação. A importância do presente estudo se dá por considerarmos, em afinidade com alguns pesquisadores que tratam dessa temática, que a reflexão sobre essas questões aponta, recorrentemente, para a necessidade de atrelar as discussões sobre as práticas do uso e funções da escrita nas relações sociais a uma concepção de linguagem correspondente. Sob essa perspectiva, somente uma visão de linguagem como prática discursiva atende a esse objetivo de imbricar os usos da escrita e da leitura (também vistas como práticas discursivas) com os aspectos sócio-históricos e ideológicos. 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As produções analisadas, majoritariamente, apresentam-se tipologicamente como expositivas, o que, a nosso ver, impossibilita não somente a constituição do Ethos, mas também, e sobretudo, o seu letramento docente/acadêmico, numa perspectiva mais crítica e reflexiva. Palavras-chave: Letramento docente; Ethos (auto)constituído; Curso de Licenciatura em Letras Referências bibliográficas: BAKHTIN, M. Gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal: introdução e tradução do russo Paulo Bezerra; prefácio à edição francesa Tzvetan Todorov. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 [1992]. .Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec,1996 [1979]. DUCROT, O. O dizer e o dito. Campinas, SP: Pontes, 1987. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MOITALOPES, L.P.(Org.) Por uma Lingüística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola,2006. STREET, B. Literacy in theory and practice. London. Cambridge University Press, 1984. 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