Artigo Anais ABRALIC Internacional

ANAIS de Evento

ISSN: 2317-157X

SOBRE RATOS E EMPRESAS: TEATRO E RESISTÊNCIA NA LÍRICA DE HILDA HILST.

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Publicado em 12 de julho de 2013

Resumo

As oito peças que compõem o Teatro Completo de Hilda Hilst foram escritas durante a década de 1960, mais precisamente entre 1967 e 1969, e configuram uma experiência com o gênero que a autora não tornou a repetir em nenhum outro momento de seu trabalho poético. Sem dúvida, a opção pelo teatro é resposta política ao contexto da época; não obstante, o teatro hilstiano pouco se aproxima do tipo de engajamento artístico difundido no Brasil de então, pois a dicção essencialmente lírica de Hilst jamais buscou a clareza didática: como em todo o seu trabalho literário, o teatro é, antes, uma reflexão sobre a medida da palavra, ou melhor, sobre que tipo de palavra é possível em arte num contexto de exceção – e, por isso mesmo, não se torna datado.Desse jeito, a inserção do drama na lírica hilstiana se dá enquanto parte de um projeto literário em que mapear o contexto social é, ao mesmo tempo, promover uma leitura do estatuto do humano, buscando avaliar-lhe as potencialidades, no sentido nietzschiano, e questionar o projeto iluminista de homem, duvidando de certa perspectiva: em Hilst, a razão é insuficiente para pensar o mundo da mesma forma que o é a fé; a imagem de Deus, reincidente em várias peças, é metáfora para pensar o vazio do querer humano e a perda de sua de sensibilidade crítica que sustentam o mesmo fascismo de que são vítimas. Talvez por isso a violência seja uma imagem recorrente nas duas peças de que se deseja tratar, pois ela denota o caráter insidioso das relações de poder que cerceiam e oprimem as vontades até a sua banalização; isto é, o emprego da violência, em suas diversas formas, torna-se opressão familiar e isto faz com que ela não seja estranhada, ou até mesmo reconhecida, passando a ser parte do convívio social.Assim, em A empresa (ou a Possessa) estória de austeridade e exceção e O rato no muro, os personagens, vencidos, compartilham de um mundo em que parece não haver vontade de insurgência. Mas não se trata, contudo, de uma visão distópica de mundo em Hilst: assim como o ato de escrever que, por si só, já guarda a esperança transformadora, há sutilezas do texto, pequenas tramas da escrita, que apontam para o despontar do que se poderia chamar uma “utopia possível”, se entendermos aí mesmo, no recrudescimento do vazio, das imagens de coerção e da violência, uma forma de resistência ao processo de reificação e barbárie. Quer dizer, se no texto as personagens insurgentes capitulam ou perdem em algum momento a motriz questionadora que os levantava contra o sistema, a palavra escrita para ser voz nos palcos é, ela mesma, o indício mínimo de que há na arte uma resposta à barbárie e ao fascismo.

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