Entre as patologias e condições que constituem o público-alvo do AEE e os transtornos que se configuram como condicionantes para as NEEs, há os que evidenciam um grande hiato entre os percentuais que os estudos apontam ser a proporção populacional afetada e o que as redes de ensino divulgam nos censos. É o caso do autismo, deficiência intelectual, TDAH, dislexia e outros transtornos escolares. Uns pela complexidade da patologia que implica na cautela em relação ao diagnóstico, outros pelo desconhecimento da causa. No caso das Altas Habilidades ou Superdotação, observa-se claramente uma grande defasagem entre os índices de incidência mais conservadores admitidos na comunidade internacional e o que temos identificado nas nossas escolas. Esse estudo de caso tem como objetivo promover uma reflexão sobre as distorções pedagógicas e conceituais que distanciam o aluno com AHSD dos atendimentos adequados, bem como sobre o papel do professor na identificação das mesmas por uma mudança de paradigmas que ainda hoje são pautados em preconceitos infundados sobre as ações dirigidas a esse público, especialmente sobre aceleração escolar. A pesquisa parte de uma situação inicialmente observada e vivenciada em uma escola pública de Educação Infantil, protagonizada por uma criança com desenvolvimento acima da média, especialmente na área da linguagem, mas também em aritmética e raciocínio lógico e foi sendo retomada ao longo de sua escolarização. Os resultados apontaram para a difícil trajetória entre a suspeição e o reconhecimento da especificidade, e com isso, o efetivo atendimento no AEE e todas as ações que compõe os direitos desse aluno.