Este artigo ergue-se da aula de campo efetivada a partir da disciplina Memória, Formação e Pesquisa (Auto)Biográfica, do Programa de Pós-Graduação em Educação (POSEDUC), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), realizada na Aldeia Jenipapo-Kanindé, uma comunidade indígena, localizada na zona rural do município de Aquiraz/CE. Tem como objetivo compreender por meio das narrativas (auto)biográficas como homens e mulheres da Aldeia Jenipapo-Kanindé relatam através da memória e da história do lugar sua luta pela preservação do seu território para a construção da cidadania em comunidade. A pesquisa se detém ao enfoque qualitativo (auto)biográfico, através de uma visita em lócus, com rodas de conversas, percurso em trilhas, visita ao museu, entrevistas com os sujeitos da aldeia narrando as experiências vivenciadas no chão do lugar, que possibilitaram a união e o empoderamento para a preservação ambiental. Os resultados apontam que é possível verificar por meio das narrativas (auto)biográficas que as experiências vivenciadas pelos homens e mulheres indígenas com saberes que transcendem a qualquer tecnicização atual e que aprenderam a viver em harmonia com a natureza, retirando em diálogo com ela, o que necessitam para viver, possibilitando a união e o empoderamento. As vozes dos sujeitos da aldeia revelam histórias de vidas marcadas pela exclusão, situação de arredios e resistentes à colonização, eles sofreram violências, foram escravizados e perderam progressivamente suas terras, o que nos faz refletir acerca da superação da lógica preconceituosa que os vitima.