O Nordeste brasileiro é a terceira maior região do país, com uma área de 1.554.291,74 km e uma população de aproximadamente 56.560.081 habitantes. Tem convivido historicamente com o fenômeno da seca, principalmente na região conhecida como Semiárido, que abrange 57% da área total do Nordeste e, aproximadamente, 40% de sua população. Com uma extensão de 2800 km, o Rio São Francisco percorre parte dessa região, através dos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. A abundância hídrica do São Francisco despertou o interesse de transpor suas águas para o Nordeste Setentrional desde o período do Império, quando o Monarca D. João VI recomendara a construção da obra a seu filho, o Imperador D. Pedro I, na tentativa de amenizar os efeitos da seca. A obra teve início apenas em 2008, e em 2017 foi concluída sua primeira etapa, o Eixo Leste, que possui 220 km de canal, ligando a represa de Itaparica, no município pernambucano de Floresta à calha do rio Paraíba, no município paraibano de Monteiro. Funcionando com uma vazão contínua, já conseguiu encher o açude de Poções em Monteiro, e segue levando água para o açude Epitácio Pessoa. O presente artigo traz a seguinte problemática: a Transposição do São Francisco, no Eixo Leste, tem gerado conflitos sociais para a região do Município de Monteiro? O objetivo dessa pesquisa é analisar os conflitos sociais existentes no Eixo Leste do PISF em Monteiro no que se refere ao uso da água do canal, os valores pagos pela desapropriação das terras e a especulação imobiliária visando o agronegócio.