O aumento da expectativa de vida leva ao crescimento da população idosa, com conseqüente aumento de patologias crônicas e morbidades. Muitos idosos encontram-se impossibilitados de se submeter a tratamento odontológico convencional, desse modo, a odontogeriatria domiciliar vem atender esse grupo crescente, contribuindo para a manutenção da saúde oral e sistêmica. Este estudo consiste em um relato de experiência, com o intuito de socializar a viabilidade da prática odontológica fora dos consultórios convencionais, com resolutividade, junto à população idosa, diante de limitações funcionais. O atendimento odontológico foi realizado no paciente M.J. D. S., 68 anos de idade, com histórico de sequela de acidente vascular cerebral, hipertensão e uso de medicações de uso contínuo. Encontrava-se restrito ao leito, com hemiplegia à direita, apresentando ainda dor, sensibilidade e sangramento espontâneo em cavidade oral, além de mobilidade dentária. Durante consulta odontológica foram diagnosticadas doença periodontal, hiperplasia gengival generalizada, associada ao uso de medicações, mobilidades dentárias e presença de uma prótese fixa mal adaptada. Após requisição de exames laboratoriais e radiológico, bem como contato com o médico cardiologista, o tratamento odontológico foi realizado com equipamento portátil, o qual consistiu em cirurgia periodontal superior e inferior, exodontias de seis elementos dentários e retirada da prótese fixa. Realizou-se profilaxia antibiótica para prevenir endocardite bacteriana antes de cada sessão com duas gramas de Amoxilina, conforme protocolo internacional. Cuidados quanto à execução da higiene oral foram repassadas à cuidadora, incluindo os recursos materiais e instrumentais, bem como a técnica de escovação. Foi observado na reavaliação que o paciente apresentou melhora da saúde bucal, através da remissão dos sintomas apresentados, com consequente repercussão na saúde geral e qualidade de vida. O mesmo permaneceu sob controle médico, sendo recomendadas reavaliações odontológicas semestrais. Conclui-se que a odontogeriatria domiciliar se apresenta como opção de tratamento para pacientes acamados, através da execução de procedimentos clínicos e cirúrgicos fora do consultório convencional. Tal prática permite acessibilidade do paciente limitado funcionalmente ao tratamento odontológico contribuindo para prevenção, manutenção ou recuperação da saúde bucal, melhora da saúde sistêmica e da qualidade de vida.