O presente trabalho apresenta uma discussão teórica acerca das implicações da teoria psicogenética de Wallon para a educação infantil, com ênfase nos aspectos psicomotores por ele levantados, em articulação ao brincar. Levando em conta que os sujeitos se constituem a partir dos campos funcionais conceituados por ele como afetividade, inteligência, motricidade e a própria pessoa, não é possível falar do movimento desvinculado dos outros aspectos do desenvolvimento. Isso porque ambos estão interligados e são regidos pelos princípios da alternância, predominância e integração funcionais. Considerando a ludicidade própria ao desenvolvimento infantil, sendo o brincar uma atividade que potencializa a aprendizagem dos elementos culturais, voltar a atenção não só aos elementos cognitivos apresentados pela criança, mas também aos aspectos motores que envolvem suas ações, se faz de extrema importância para uma prática educativa mais atenta aos aspectos próprios ao desenvolvimento infantil. O brincar possibilita à criança apreender elementos importantes de sua cultura, levando ao desenvolvimento social, cognitivo e afetivo. Com isso, ressalta-se a necessidade de acrescentar à rotina escolar da criança as brincadeiras de seu cotidiano, como o faz-de-conta e a imitação, e também novas brincadeiras estruturadas pelo professor para facilitar a aprendizagem. A imitação, por exemplo, e uma ferramenta importante no desenvolvimento da criança não só na dimensão afetiva, mas também cognitiva, e que pode ser explorada em diferentes brincadeiras no âmbito escolar, como também na relação do professor com os educandos, à medida que ele fornece um repertório de gestos e posturas de referência para as crianças. Assim, o papel desempenhado pelo adulto na mediação dessa atividade social da criança é imprescindível para seu desenvolvimento, dado o potencial que a brincadeira tem para a aprendizagem cultural.