Neste trabalho, buscamos analisar o tratamento que tem sido conferido a problemática da infância e adolescência associadas à sexualidade a partir da problematização da valorização do agendamento na mídia dos temas da pedofilia, abuso/exploração sexual de crianças e adolescentes. Para tanto, revisitamos a literatura e sugerimos que a posição de relevo conferida a temas associados à violência, à “situação de risco” e à sexualidade no tratamento midiático dado à infância e à adolescência não atende, unicamente, ao critério de alertar e contribuir para a defesa de direitos de crianças e adolescentes, posto que a literatura tem indicado um uso sensacionalista de crianças e jovens. Este cenário é passível de maior espetacularização quando se trata de questões relacionadas à sexualidade, por afrontar a representação ocidental contemporânea de infância que aloca a inocência como uma essência deste tempo de vida. O abuso sexual infantil não é um fenômeno novo. O que é novo é a visibilidade dada a esta questão, principalmente após 1990, sob o rótulo da pedofilia. A literatura aponta que nas décadas de 1980 e 1990 uma imagem proeminente das crianças na cobertura de imprensa era a da inocência da infância ou, da “inocência violada da infância”. Deste modo, problematizamos se a visibilização da sexualidade de crianças e adolescentes preferencialmente pelo viés negativo, do abuso, da violência, da exploração pode dificultar o debate sobre os direitos sexuais e reprodutivos de crianças e adolescentes. Diante disso, é necessário problematizar como tais discursos têm circulado e quais representações de infância têm engendrado.