Sabendo-se das dificuldades na superação do modelo biomédico, o apoio matricial se configura como estratégia para se construir um novo fazer em saúde, exigindo dos profissionais, entre quais os psicólogos, outro olhar sobre a saúde e outra postura diante as demandas que se apresentam. O presente estudo objetivou analisar a percepção que psicólogos apoiadores matriciais possuem acerca da saúde e do trabalho interdisciplinar. Participaram 10 psicólogos apoiadores matriciais pertencentes a equipes do NASF em João Pessoa/PB. Foi utilizado um questionário sócio laboral para caracterizar os participantes e uma entrevista semiestruturada. Os dados foram analisados com base em estatísticas descritivas e análise categorial temática. A maioria dos participantes era mulheres, com menos de 30 anos e com menos de 06 anos de formação. A análise das categorias temáticas - a saber a) Concepções de saúde e b) Concepções sobre interdisciplinaridade - revelou avanços no saber-fazer destes profissionais ao apontarem para a importância que tanto as condições materiais quanto subjetivas possuem para o processo saúde-doença, reconhecendo a necessidade de outros saberes e práticas de intervenção que superem o fazer especializado e que tenham por foco os sujeitos e coletividades. Todavia, foram ressaltados alguns obstáculos para o cuidado integral como o pensamento biomédico dominante e as limitações da formação voltada para a clínica tradicional. Concluiu-se que apesar dos avanços, transformações no fazer em saúde e na formação profissional ainda se fazem necessárias de maneira que os psicólogos estejam mais preparados para o que deles se esperam nos serviços primários de saúde.