O Selênio foi primeiramente reconhecido como elemento tóxico para organismos humanos e animais. No entanto, anos mais tarde, passou a ser caracterizado como um mineral traço, nutricionalmente essencial aos mamíferos. De acordo com estudos epidemiológicos em humanos, existe uma correlação entre a deficiência de Se na dieta e a origem ou progressão de diversas patologias, como desordens cardiovasculares e neurológicas, câncer e diabetes. Em vista disso, tem crescido de forma exponencial, o interesse em investigar o papel de compostos de Se como possíveis agentes terapêuticos no tratamento de inúmeras doenças. Desse modo, esta revisão tem como objetivo avaliar o resultado da deficiência nutricional de Se como um fator de risco para a gravidade clínica da cardiomiopatia chagásica. Para tal, foi realizada uma revisão sistemática de literatura, que permitiu a compreender e manipular dados relativos ao assunto em questão. Dessa forma, realizou-se a identificação das bases de dados, a definição das palavras-chave, a construção das sentenças de busca e a realização da busca propriamente dita. Durante as pesquisas, observou-se que uma percentagem significativa de camundongos infectados por Trypanosoma cruzi com cardiomiopatia exibiu baixos níveis de Se na corrente sanguínea. Além disso, foi demonstrado que uma dieta deficiente em Se aumenta a susceptibilidade para infecções, enquanto que a suplementação de Se por via oral em doses baixas alivia lesões cardíacas, reduz a parasitemia e mortalidade em camundongos infectados. Dessa forma, pode-se observar a associação entre a Cardiomiopatia chagásica e a diminuição do Se no organismo, cuja explicação mais plausível, é que o baixo nível deste mineral essencial é um marcador biológico de um longo processo inflamatório que pode levar progressivamente a danos cardíacos e disfunção em pacientes chagásicos crônicos.