ANAIS de Evento Revista ENANPEGE

ISSN: 2175-8875 Artigos: 2376 Quantidade de downloads: 14297

A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE) realizará, entre os dias 10 e 15 de outubro de 2021, o XIV Encontro Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (XIV ENANPEGE virtual). O tema central será “A Geografia que fala ao Brasil: ciência geográfica na pandemia ultraliberal” e norteará as temáticas debatidas nas Conferências, Mesas Redondas e Grupos de Trabalho (GTs). A identidade visual faz referência à temática do evento e foi elaborada por Tarcísio Leopoldo, artista plástico, sem-terra, militante do MST no Paraná e membro da Brigada Cândido Portinari, um coletivo de artistas plásticos do MST.

Será a primeira vez na história da associação que o ENANPEGE acontecerá na forma virtual (on-line), com todas as suas atividades em salas virtuais e transmissões via internet. Evidentemente, essa opção foi tomada devido à pandemia do COVID 19 e a necessidade do isolamento social, mas outras determinações motivaram a Diretoria da ANPEGE a propor e realizar o evento virtualmente. Passamos pela maior onda de ataques à ciência e à universidade pública de toda história nacional, o que vem exigindo das associações científicas organização para resistência, sendo uma das estratégias a realização dos nossos encontros científicos. A produção de conhecimento, o debate, a troca de ideias e interlocução não podem parar nessa conjuntura. Uma imensa boiada está passando sobre o país e as Universidades, centros de pesquisa, programas de pós-graduação, discentes de mestrado e doutorado começam a sentir os efeitos do que pode ser a destruição da ciência e da universidade brasileira, pelo menos na forma que conhecíamos até então. A crise econômica e o estrangulamento dos recursos para as ciências também motivaram a realização deste encontro acadêmico. De um lado, as associações científicas sem recursos financeiros para continuar seu trabalho, do outro, os pesquisadores/discentes com cada vez menos recursos para a realização de pesquisas e participação em congressos, simpósios e encontros, condições que passam a colocar em risco os eventos científicos. Nos encontrar, mesmo que virtualmente, é preciso!

Por isso, a escolha do tema - “A Geografia que fala ao Brasil: ciência geográfica na pandemia ultraliberal” - partiu da necessidade de pensar o Brasil em uma conjuntura de destruição do Estado nacional. A pergunta é: em que a Geografia contribui na produção de conhecimento do e para o Brasil? Portanto, pensar o Brasil é o foco. O Brasil nas diferentes escalas. O Brasil na abrangência desse imenso território, na escala nacional. O Brasil na sua relação com o Mundo. A arte e identidade visual do evento tentam sintetizar esse sentimento e objetivo, sendo que estamos seguros de que a Geografia tem muito a dizer a este país, das fissuras que estamos assistindo às resistências que se formam.

A cidade de João Pessoa na Paraíba seria a sede do evento, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) o local de sua realização. João Pessoa, provavelmente, estará sob isolamento social até o final de 2021 e a UFPB encontra-se sob intervenção de um reitorado ilegítimo e sem compromisso com a Universidade. Esse binômio de condições definitivamente nos impossibilitou de projetar um evento presencial. Assim sendo, infelizmente, não vamos nos encontrar presencialmente. Infelizmente, não vamos reunir geógrafas e geógrafos no mesmo espaço, proporcionar encontros de amigos distantes, ver em pessoa as palestras de importantes pesquisadores, bater papo nos corredores do evento, confraternizar nos finais de cada dia do ENANPEGE como geógrafas e geógrafos sabem fazer tão bem. Não teremos os trabalhos de campo, essa dimensão dos eventos da Geografia que proporcionam o conhecimento do Brasil e a formação de muitos professores, pesquisadores e discentes. Contudo, no limite e na excepcionalidade, teremos um espaço de debate usando as ferramentas virtuais. Aprenderemos, debateremos, publicaremos...

Esperamos que o XIV ENANPEGE virtual nos permita refletir, problematizar e construir conhecimento sobre o Brasil e seu povo. Não se trata de ver uma luz no fim do túnel, mas de provocar e animar o conhecimento acumulado e todo o cabedal científico de pesquisadoras e pesquisadores da natureza, da sociedade, das regiões, dos territórios, dos lugares e dos espaços.

 

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