O magistério na educação superior tem passado por transformações que evocam a responsabilidade e o compromisso com um projeto pedagógico que contemple as diversas dimensões – científica, cultural, humana, política, técnica e ética – da formação profissional. Considerando a ausência de políticas públicas que definam e promovam o desenvolvimento profissional docente na Educação Superior, a recorrente formação esvaziada de conhecimentos pedagógicos, específicos da profissão docente, tem fomentado a constituição de identidades fragilizadas, pautadas no racionalismo técnico e no senso comum de que “quem sabe ensina”. Para tanto, apoiamo-nos em trabalhos de autores(as) que têm discutido as questões inerentes à pedagogia universitária, identidade profissional e formação docente, como: Almeida, Anastasiou, Campos, Cruz, Cunha, Marcelo Garcia, Melo, Pimenta e Zabalza. A partir do diálogo com estes referenciais teóricos e com o conceito de entrelugar, discutido por Bhaba, Hanciau, Pesavento e Santiago, construímos nosso trabalho esperançando contribuir para ampliar a discussões e análises que suscitem reflexões críticas sobre desenvolvimento profissional docente na Educação Superior. É imprescindível que o(a) docente universitário(a) assuma-se prioritariamente como professor(a) e dedique-se a aprender a docência, de modo a constituir a identidade profissional. Para tanto, defendemos o desenvolvimento profissional docente como o lugar de construção desta nova identidade: um entrelugar que é fronteira entre o singular e o complexo, entre o compromisso individual e a responsabilidade institucional, entre os conhecimentos específicos do campo disciplinar e os do campo didático-pedagógico, entre a teoria-prática, entre a reflexão-ação, entre o planejamento e a avaliação, entre o estudante que ingressa e o profissional que egressa, entre a comunidade e a universidade, entre a identidade de bacharel e a identidade de professor, entre o que se aprende e o que se ensina, entre a sociedade em que vivemos e a que almejamos construir.