Este trabalho tem o objetivo de discutir o conceito de território na Geografia brasileira contemporânea. Será um ensaio teórico, baseado no debate de textos e autores de referência da Geografia brasileira sobre o tema, que serão cotejados com o contexto social político atual. Toma-se como pressuposto que, assim como em demais épocas históricas, a produção intelectual atual está intrinsecamente ligada à sua época. O conceito de território tornou-se de uso difundido a partir dos anos 1990 no Brasil, apesar de aparecer estudos anteriores na Geografia. Novas questões, novos problemas foram formulados e respondidos, com a utilização de novos referenciais teóricos e novas bases filosóficas, como as teorias pós-estruturalistas. A hipótese do trabalho é que, entretanto, apesar de destacar e responder novos problemas, a difusão de seu uso envolve também novas armadilhas ideológicas e esconde certos problemas. Ao enfatizar o local o sujeito e esquecer da totalidade, em estudos de movimentos sociais nas suas especificidades, que almejam ter seus direitos reconhecidos pelo Estado, o conceito de território acaba por servir como um obstáculo para compreender como se constrói realmente o poder nas sociedades capitalistas atuais. Foucault domina a cena, mas as melhores ferramentas conceituais podem estar em Gramsci. Uma nova indagação pode ser feita, como horizonte de pesquisas, para esclarecer as lutas políticas atuais em contextos políticos de crise do capital e ascensão de novos fascismos: qual a relação da produção do espaço com a constituição da hegemonia? Aí estaria a nova definição de território.