O artigo expõe traços da teoria social, a qual a geografia busca problematizar e compreender o quadro atual de fome no Brasil, a partir do pensamento geográfico clássico e de geógrafos brasileiros, estabelecendo cartografias sobre a questão alimentar. Para isso, o tema da alimentação é visto com um fundamento que expõe e orienta o debate em múltiplas escalas geográficas. Através de uma revisão de literatura sistemática buscou-se discutir e apresentar as interfaces entre alimentação e geografia por meio dos precursores do pensamento geográfico como Vidal de La Blache, Friedrich Ratzel e Max Sorre. Dialogando com os trabalhos de Josué de Castro, Milton Santos, Caio Prado Junior, Jean Ziegler, Pierre George e Susan George fica indubitável que a alimentação, enquanto elemento cerne do pensamento geográfico, auxilia sobre o entendimento do processo de imposição capitalista do modelo de produção colonial, que trouxe consequências socioeconômicas e ambientais para os países subdesenvolvidos, repercutindo na alimentação atual dessas populações que permanecem marcadas pela erosão da cultura alimentar, pelo flagelo da fome e pela insegurança alimentar. Espera-se que a discussão provoque, desperte e resgate o interesse dos geógrafos e outros pesquisadores em relação a importância da alimentação enquanto alicerce que coadjuva com a busca por soluções para a garantia da soberania alimentar.