Desde a década de 1990, a partir da LDB 9.394/96, a educação brasileira vem sendo acometida por reformas curriculares que têm efeitos na escola e no trabalho dos professores. Neste texto propomos analisar, com pressupostos teórico-metodológicos dos Estudos Culturais e da noção de governamentalidade, como os professores compreendem a reforma curricular do Ensino Médio, com destaque para as Ciências da Natureza, em relação à docência que realizam. A análise foi desenvolvida considerando matérias publicadas na Revista Sineta, do CPERS, e relatos de professores de uma escola pública estadual do RS. As análises evidenciam mecanismos de regulação do trabalho em nome da flexibilização curricular e do protagonismo dos estudantes, mostrando os efeitos da reforma para o aumento de desigualdades sociais, intensificação do trabalho docente e necessidade de formação permanente, para que consigam manter uma performance que lhes garanta dar conta das novas demandas do currículo reformista.