Este artigo analisa o filme “O Homem Elefante” (1980, dir. David Lynch), que conta a história de John Merrick, um cidadão inglês que no século XIX foi vítima de uma doença genética chamada de neurofibromatose múltipla que acabaria mudando a trajetória de sua vida, devido ao estigma que passou a enfrentar. Partindo da constatação de que o analista atua em outro plano mental e pouca relação tem com os impulsos emocionais dominados (FREUD, 1919), a tarefa de analisar o estigma através das imagens se torna um desafio para além do nosso imaginário. Inicialmente pela importância do cinema que, de acordo com Metz (2007) trabalha com o conceito de verossímil, partindo do entendimento de que um objeto que mantém semelhança com o que é e/ou pode vir a ser verdadeiro, pode vir a provocar o imaginário das pessoas. Depois, porque as imagens fílmicas fazem extrapolar o olhar do expectador primário que se prende primeiro ao que está visível, alcançando a visão dos que buscam no invisível resposta para muitos problemas que afetam a sociedade. Entre estes problemas, está o que se relaciona a alteridade das imagens e a estética corporal, que, por sua vez, estão associados à saúde que em nossa sociedade, segundo Orrú (2012), tem sido relacionada ao culto à beleza dos corpos e à utilidade de mentes em uma ordem social que se diferencia pela estigmatização. Com base em Freud (1919), identificamos que o olhar estranho e assombroso dirigido ao personagem está relacionado com o que é assustador e provoca medo e horror nas pessoas. Por esta razão, Gofmann (1980) afirma que quando um estranho nos é apresentado costumamos definir pela sua imagem a categoria, os atributos, a sua "identidade social", incluindo-se aí características como honestidade e ocupação, e apesar do autor não mencionar, a condição física, que acaba influenciando na atenção e no tratamento dedicado às pessoas portadoras de alguma deficiência. Tais conceitos revelam o caráter educativo do filme, reforçando o pensamento de Ferro (1992) sobre o cinema como testemunho e agente da história, de Duarte (2002) enquanto instrumento para ensinar o respeito aos valores, crenças e visões de mundo que orientam as práticas dos diferentes grupos sociais que integram as sociedades complexas e, por fim, de Napolitano (2003) que enaltece o potencial educativo do cinema em sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: Imagens. Sociedade. Estigma.