34% dos pacientes recuperados da covid-19 foram diagnosticados com problemas psiquiátricos ou neurológicos, como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático, insônia, dificuldade de concentração, esquecimento, cansaço e névoa mental. Em pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) onde foram avaliados 425 pacientes acometidos pelas formas moderada e grave da covid-19, constataram alta prevalência de transtornos mentais e déficit cognitivo nesse grupo. Transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós-traumático e depressão foram os que apresentaram aumento em sua incidência. Dessa forma, esse trabalho objetiva investigar as sequelas cognitivas oriundas da covid longa em pessoas idosas. Para isso, realizou-se uma revisão de literatura apoiada em busca na base de dados PUBMED utilizando-se dos descritores Idosos, Covid-19 nos últimos dois anos (2020-2022) em português e inglês, excluindo aqueles que não se tratavam das sequelas da pandemia. Enquanto principais resultados, destaca-se a descoberta de que o vírus ultrapassa a barreira sangue-cérebro (responsável por dificultar a passagem de substâncias do sangue para o sistema nervoso central), provocando uma resposta inflamatória, em outras palavras, a inflamação do tecido nervoso provocaria uma resposta imunológica exagerada, causando prejuízo ao cérebro. Além disso, destacam-se observações de micro-hemorragias e lesões neuronais com morte de neurônios em diversas regiões do encéfalo, fenômenos que costumam ser vistos em doenças neurodegenerativas, o que explicaria os sintomas da chamada “covid longa” desenvolvida por alguns pacientes. Além do próprio desenvolvimento de novos transtornos psiquiátricos, aqueles já tinham algum diagnóstico apresentaram sintomas mais graves. Conclui-se dessa forma que essas alterações podem estar relacionadas a um agravo causado pela síndrome respiratória aguda, causando redução do suprimento de oxigênio às áreas específicas cerebrais relacionadas à cognição. Entretanto, reafirma-se a necessidade de estudos científicos que possam esclarecer essa correlação, uma vez que ainda há muito a ser estudado não apenas acerca da covid-19, que de certa forma ainda é novo para todos, mas também sobre as sequelas a curto e longo prazo.