A ampliação da Estratégia de Saúde da Família e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde brasileiro têm possibilitado que um grande número de profissionais de saúde passe a atuar muito próximo das realidades das classes populares. Essa proximidade contribui para o desenvolvimento de uma assistência que se aproxima de princípios como o da integralidade, conhecendo e respeitando os saberes históricos e culturais da comunidade que assistem. E por meio de práticas educativas dialogadas com ênfase na realidade de vida das(os) usuárias(os) conseguem a valorização da história de vida das pessoas e, consequentemente, aumentam a autonomia e cor-responsabilização dos sujeitos sobre o seu processo saúde-doença. Neste contexto, compreendemos na atuação da(o) enfermeira(o) que ao agregar a Educação Popular em Saúde (EPS) a seu exercício prático há um desenvolvimento de vínculos abertos, troca de saberes, disponibilidade para ouvir a(o) outra(o), horizontalidade na relação interpessoal e na ação educativa em si, pois, o ato participativo é humanizante. Este estudo possui o objetivo de analisar na literatura a educação popular em saúde no contexto educar-cuidar das(os) enfermeiras(os). Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, realizada em outubro de 2014, tendo como fonte de dados o Scientific Electronic Library Online-SCIELO, os termos de pesquisa adotados foram: “Educação Popular, Enfermagem”, resultando em 13 trabalhos, que receberam leitura critica, foram categorizados e analisados com base na literatura sobre a temática. A análise do conteúdo resultou sob a óptica de três eixos temáticos: Atividades Educativas/Educação em saúde; Implementação da EPS na formação e trabalho; Assistência/cuidado baseado na EPS. Verificou-se de forma geral que nas atividades de educação em saúde são os espaços onde a(o) enfermeira(o) atua e visualiza a educação popular como estratégia cabível para ser adotada nas suas práticas. Percebe-se na conjuntura do modelo SUS atual, a necessidade de romper paradigmas que já devem ser instigados na formação aonde requer adoção de conteúdos além dos biológicos, já que se reconhece que as ações necessárias para a adesão a tratamentos e cuidados a longo prazo estão profundamente imbricadas com a cultura, ou seja, com os estilos de vida, hábitos, rotinas e rituais na vida das pessoas. Neste sentindo, também foi possível observar que um novo modelo de assistência pautado na EPS vem sendo instigado para transformação de práticas biologicista/medicalizada/curativista, conseguindo ser resolutivo e adequando as(os) usuárias(os), possibilitando a conscientização e contemple a complexidade do outro com atendimento integral. Como reflexão, compreendemos a eficiência de pautar as práticas de educar-cuidar das(os) enfermeiras(os) e simultaneamente visualizamos um cenário de desafios que ainda necessitam de adequação e sensibilização por parte das(os) profissionais ao modificar suas visões, reconhecendo seu papel educador para além das tradicionais palestras, grupos, sala de espera, entendo a responsabilidade social de interlocutor com a comunidade em busca pelos direitos sociais.