SILVA, Rodrigo Nunes Da et al.. Representação masculina na literatura de cordel. Anais X CONAGES... Campina Grande: Realize Editora, 2014. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/5750>. Acesso em: 20/12/2024 04:08
A literatura de cordel é uma das principais expressões da cultura popular nordestina e se mostra ambiente propício para representar modelos e estruturas socioculturais atrelados a tradição patriarcal. Considerada, muitas vezes, como uma literatura pobre e sem valor literário, estudos recentes mostram que este tipo de expressão popular tem se tornado cada vez mais fonte valiosa para pesquisas linguísticas e/ou literária, devido aos temas e a atualização de discursos/ideologias propagados (RODRIGUES, 2006; 2011). Diante disso, nosso trabalho faz uma incursão discursiva por alguns cordéis que desenham a imagem do homem nordestino, percebendo a contribuição do contexto extralinguístico para a fixação dos sentidos cristalizados e atualizados em prol da construção de imagens discursivas. Frente ao objetivo proposto, buscamos fundamento teórico na Análise do Discurso de linha francesa e nos estudos do imaginário, com ênfase na cultura popular nordestina. Partimos das leituras efetuadas em Bakhtin/Voloshinov (2004), Orlandi (1999), Nóbrega (2011), Nolasco (1997), entre outras. Nosso estudo aponta para o fato de que o povo nordestino encontra no cordel uma identidade representada, traduzida em linguagem, dando suporte aos imaginários religiosos e da cultura em geral. Observamos que os folhetos de cordel analisados buscam representar de forma contundente o homem dessa região, estabelecendo um modelo padrão que apresenta características do homem patriarcal, como o ser pai, religioso e supridor das necessidades do lar, batalhador e valente diante de fenômenos como a seca, etc. Não aceitando desvios de conduta, repugnado a homossexualidade, o sexo fora do casamento, religiões não cristãs. Desenhando um cenário de moralidade como ideal de vida em sociedade.