Dentro de um empreendimento maior que consiste no resgate de nomes importantes no cenário literário paraibano e, portanto, na valorização de nossa memória cultural, o presente texto deter-se-á na obra de Abelardo Pereira dos Santos, o poeta das crenças mortas, se assim podemos chamá-lo em virtude do único livro que foi publicado, postumamente, um ano após a morte do autor: O vale das crenças mortas (1977). Objetivamos mostrar como na poética de Pereira dos Santos, como era mais conhecido entre seus pares, amor e erotismo constituem, no dizer de Paz (1994), uma dupla chama. Para tanto, analisaremos o soneto “Reza”, no qual a sacralização do amor se torna mais do que perceptível, uma vez que o discurso de devoção do eu lírico culmina na consagração do amor e do corpo feminino como espaços sagrados desse deus que na terra é maior - o Amor em sua porção erótica. Por fim, nosso gesto de leitura está movido por outro objetivo: contribuir para a divulgação e a leitura da obra de Pereira dos Santos por novos leitores, o que se configura como uma ação política de ratificar o reconhecimento que, em vida, o poeta teve, mas que não foi suficiente para fazer o seu nome e a sua obra resistirem às densas camadas de silêncio que pairam sobre eles. É, pois, uma forma de reconhecimento do valor da produção literária e da importância do referido poeta para a literatura paraibana, especialmente aquela produzida em regiões à margem dos grandes centros de fomento à cultura em nosso estado.