Comportamento sedentário, assim como obesidade abdominal estão associados ao diagnóstico de
doenças cardiovasculares, as quais são responsáveis por elevados índices de mortalidade e custos
com utilização de serviços de saúde. No entanto, pouco se sabe sobre carga econômica de ambos os
fatores de risco implicados aos gastos com serviços de saúde associados às doenças
cardiovasculares. O objetivo da pesquisa foi verificar se a combinação de comportamento
sedentário e obesidade abdominal elevam gastos com medicamentos entre adultos com doenças
cardiovasculares, atendidos pela atenção primária de saúde pública. Gastos com medicamentos
foram calculados considerando o numero de unidades utilizadas multiplicadas pelo valor em reais
(R$), de cada medicamento. Tais informações foram verificadas por meio de registros nos
prontuários médicos dos pacientes, ao longo de 12 meses retroativos à data da coleta. Obesidade
abdominal foi detectada por valores de circunferência de cintura ≥88 cm para mulheres e ≥102 cm
para homens. Tempo diário em comportamento sedentário foi verificado por meio de instrumento
que quantifica, em minutos, as atividades referentes a tal comportamento. Indivíduos foram
classificados com alto comportamento sedentário (ACS) quando relataram ≥8 horas diárias e com
baixo comportamento sedentário (BCS) quando relataram <8 horas diárias. Para análise estatística,
indivíduos foram divididos em três grupos, considerando o cluster de comportamento sedentário e
obesidade abdominal, sendo: i) grupo de indivíduos com baixo comportamento sedentário e sem
obesidade abdominal (Não obeso+BCS); ii) grupo de indivíduos com alto comportamento
sedentário e obesidade abdominal isolados (Intermediários [Obeso+BCS ou Não-obeso+ACS]); iii)
grupo de indivíduos com alto comportamento sedentário e obesidade abdominal agregada
(Obeso+ACS). Devido a não normalidade dos dados, a comparação entre os grupos foi verificada
pelo teste de Kruskal-Wallis, seguida do teste de Mann-Whitney, utilizado como post-hoc.
Significância estatística (p-valor) foi pré-fixada em valores inferiores a 5% e o software empregado
foi o SPSS versão 13.0. Foram avaliados 307 adultos, sendo 160 (52,1%) homens e 147 (47,9%)
mulheres, com média de idade de 54,38 (8,29) anos. A prevalência de ACS foi de 22,1% (n=68) e
de obesidade abdominal foi de 65.1% (n=200). Ao verificar a diferença entre os grupos, observouse que indivíduos classificados nos grupos Intermediários (mediana [diferença interquartil] R$
108,06[247,28] vs R$ 55,15[128,25]) ou obeso +ACS (mediana [diferença interquartil] R$
115,89[186,82] vs R$ 55,15[128,25]) apresentaram maiores gastos com medicamentos comparados
ao grupo de indivíduos não obesos+BCS. Conclui-se que comportamento sedentário e obesidade
abdominal, agregados ou isolados, são fatores de risco para aumento de gastos com medicamentos,
entre adultos atendidos pela atenção primária de saúde pública. Apoio CAPES, FAPESP:
2018/06193-9