PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA: PERSPECTIVAS DE RESIDENTES DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
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Tal iniciativa representa um importante passo no processo de formação inicial, uma vez que possibilita aos estudantes estarem em contato com seu futuro ambiente de trabalho, além de contribuir para a construção e mobilização de uma série de saberes inerentes à profissão docente, principalmente saberes ligados à experiência. Segundo Tardif (2012), tais saberes que por ele são chamados de saberes experienciais, são construídos pelos próprios professores no exercício de suas funções, eles emergem da prática e são por ela validados. "É a partir deles que os professores julgam sua formação anterior ou sua formação ao longo da carreira. É igualmente a partir deles que julgam a pertinência ou o realismo das reformas introduzidas nos programas ou nos métodos. Enfim, é ainda a partir dos saberes experienciais que os professores concebem os modelos de excelência profissional dentro de sua profissão. " (TARDIF, 2012, p. 48). Neste sentido, acreditamos que tais saberes, em conjunto com os saberes da formação profissional e pedagógicos, saberes disciplinares e curriculares, que também são postulados por este mesmo pesquisador, constituem importante passo para a construção da identidade profissional docente destes licenciandos. No entanto, cabe refletir sobre o modo como o programa Residência Pedagógica foi implementado e se estariam sanadas as lacunas encontradas no processo de formação inicial. Este programa foi lançado recentemente e tem gerado dúvidas e expectativas nos residentes, principalmente no que se refere a suas ações na escola- campo. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi apresentar as perspectivas dos residentes do subprojeto Biologia do programa Residência Pedagógica da Universidade Federal do Maranhão campus Cidade Universitária Dom Delgado. A abordagem utilizada no presente trabalho é de cunho qualitativo, uma vez que parte de questões amplas que se definem conforme o estudo se desenvolve. Tal abordagem compreende a obtenção de dados descritivos a partir do contato direto do pesquisador com o objeto de estudo, buscando interpretar os fenômenos a partir da perspectiva dos participantes da situação estudada (BOGDAN; BIKLEN, 1994). O mesmo caracteriza-se como um estudo de caso, pois o objeto de estudo é uma unidade que se analisa profundamente, visando o exame detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação em particular (GODOY, 1995). A pesquisa foi realizada com dez alunos residentes do referido subprojeto. Para tanto, utilizamos como instrumento de coleta de dados um questionário destinado aos residentes, com seis questões abertas que versavam sobre as perspectivas dos sujeitos sobre o programa. Os questionários foram entregues tanto para alunos que fizeram parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, quanto para alunos que não participaram deste programa. Quando perguntados quais eram suas perspectivas em relação à RP, alunos que participaram do PIBID disseram que pretendiam "continuar a vivenciar as várias experiências que o profissional docente enfrenta em sala de aula, além de experimentar o que propõe a imersão em sala de aula". Também foi dito que gostariam de "aprimorar mais os conhecimentos na prática e perder o medo de falar em público". Além disso, "continuar aprendendo e praticando diversos saberes docentes. Não ter contato apenas com a sala de aula, mas sim com todos os espaços escolares e diversos profissionais". Os alunos que não fizeram parte do PIBID disseram que "espero com o programa aprender na prática como trabalhar no processo de ensino-aprendizagem nas escolas. Acredito que vivenciar novas experiências, nos traz desafios, tornando-nos mais aptos nas práticas pedagógicas além de ajudar a traçar nosso perfil como futuros docentes", e também "a metodologia do programa será fundamental para meu aprimoramento profissional, não se referindo somente a experiência em sala de aula, mas também o convívio com os outros participantes do programa. Proporcionando troca de conhecimento e bom desempenho nos trabalhos em grupo". Os alunos também externaram uma certa preocupação com a carga horária do programa, visto que o curso de Ciências Biológicas é um curso integral, fato este que parece não ter sido levado em consideração pela CAPES e MEC, impossibilitando assim que os alunos fossem à escola todos os dias, uma vez que o excesso de carga horária semanal recomendada não condiz com a realidade do cotidiano dos residentes. Também falaram sobre o uso do Coeficiente de Rendimento (CR) utilizado para classificação dos bolsistas do programa. A crítica é feita pelo CR ser considerado pelos alunos um sistema falho e ineficaz, já que não mede necessariamente os "saberes" e "competências", mas apenas o desempenho acadêmico do aluno com base em notas. O uso da Base Nacional Comum Curricular como pilar do programa também foi alvo de preocupação de alguns alunos, uma vez que a BNCC ainda não está muito clara e sua implantação está ocorrendo de forma vertical, de "cima para baixo", sem os diálogos necessários com professores, gestores, escolas e comunidade em geral, além de interferir na autonomia da escola e do professor ao estabelecer uma série de diretrizes para a elaboração dos currículos e formação de professores. Um dos pontos tocados também foi a "formalidade e obrigatoriedade imposta" pela RP. Para um aluno, a RP seria "um estágio estendido e com pouca flexibilidade para realização de projetos e pesquisas". Neste sentido, o foco principal do programa parece estar ligado somente ao estar em sala, dando aula. Isto, de certa forma, acaba revelando uma concepção sobre o que é ser professor, fazendo-nos refletir sobre se esse seria o professor ideal. O programa deveria dar margem para que os licenciandos pudessem desenvolver projetos e também pesquisas, visto que esta é uma forma de produção de novos saberes, principalmente se estes futuros professores investigarem a própria prática, chegando ao que alguns autores chamam de professor reflexivo (ALARCÃO, 2001), uma vez que podem ressignificar sua prática a partir da reflexão sobre suas ações. De certo, a Residência Pedagógica ainda está caminhando a pequenos passos no que se refere à clareza do que o programa realmente propõe. Por se tratar de um programa novo, ainda há muitas dúvidas de qual seria de fato o real intuito do programa, causando essa estranheza nos alunos participantes. Palavras-chave: Formação Inicial, Residência Pedagógica, Perspectivas, Experiências Referências ALARCÃO, I. Professor-investigador: Que sentido? Que formação? 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