FORMAÇÃO CONTINUADA DE AGENTE DE COMBATE A ENDEMIAS: PERCEPÇÕES E PERSPECTIVAS DOS PROFISSIONAIS E DE LICENCIANDOS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ¹Carla Leitão da Silva/carla.leitao@aluno.uece.br/UECE/FECLI ²Carolina Agostinho de Jesus/UECE/FECLI ³Mônica da Costa Vidal/UECE/FECLI 4Carlos Henrique Soares da Silva/UECE/FECLI 5Alzeir Machado Rodrigues/IFPA Eixo Temático: Processos de Ensino e aprendizagem - com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes. Agência Financiadora: Universidade Estadual do Ceará Resumo As arboviroses, ou seja, patogenias transmitidas por artrópodes hematófagos, possuem grande relevância à nível mundial, sobretudo a dengue, que é transmitida através dos mosquitos Aedes aegypti (Ae. aegypti) e Aedes albopictus (Ae. albopictus). Devido à grande capacidade de dispersão de seus vetores, notoriamente no meio urbano, há uma média de 390 milhões de infecções devido ao vírus da dengue no mundo anualmente. Os mosquitos Aedes spp. possuem grande capacidade de proliferação, utilizando locais com armazenamento de água para depositarem seus ovos e assim garantir a dispersão de seus espécimes. Em 1986 foi registrado pela primeira vez a presença de Ae. albopictus no Brasil, no estado do Rio de Janeiro, onde a partir disso a espécie foi encontrada em apenas um ano nos demais estados do sudeste. Diante da alta capacidade de adaptação e dispersão dos mosquitos vetores à nível mundial, estima-se que cerca de 40% da população seja susceptível a adquirir dengue. São relatadas em pesquisas a alta mortalidade provocada pela doença devido a complicações causadas como hemorragias. Aproximadamente 2,5 bilhões de exposições, onde 550 mil chegam a internações e 20 mil chegam à óbito. Os anos compreendidos entre 1986 a 2011 foram marcados por cinco epidemias de dengue no Ceará, sendo que entre 2008 e 2010 a população de crianças foi a mais acometida. A infestação de Ae. aegypti foi identificada em 120 municípios cearenses, onde 84 apresentavam transmissão do vírus dengue. Os registros revelam uma crescente taxa de infecção na região Centro-sul cearense, onde houve um salto de 81 casos confirmados em 2012 para 1937 em 2015. O município de Iguatu registrou 629 casos confirmados no ano de 2015, vindo a ser considerado epidêmico para a arbovirose, isso justifica a importância da integração dos mais diversos setores da sociedade, afim de diminuir os impactos do grande número de casos. Questiona-se como as medidas de controle de mosquitos e dengue tem sido efetivas diante da crescente taxa de infecções? Tendo em vista que no ano de 2016 uma outra arbovirose transmitida pelos mosquitos Aedes, a Zika, trouxe à tona o problema de saúde pública relacionado aos casos de microcefalia em bebês, sendo relatado um caso em Iguatu segundo a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Diante deste cenário, houve a necessidade da criação de um elo entre a universidade e os principais atores no combate aos índices de infestação do Aedes: os agentes de combate a endemias. Objetivou-se a execução de oficinas de formação continuada acerca dos cenários atuais das arboviroses, com enfoque nos agentes de endemias, permitindo assim um maior enriquecimento do conhecimento destes profissionais. As oficinas de formação continuada foram implementadas por meio de ações do projeto de extensão, vinculado à Universidade Estadual do Ceará, "Controle de Dengue: cenário local e perspectivas integradas entre agentes de endemias e agentes comunitários de saúde em Iguatu, Ceará", estando envolvidos agentes de endemias das cidades de Acopiara, Cariús, Catarina, Dep. Irapuan Pinheiro, Iguatu, Jucás, Mombaça, Piquet Carneiro, Quixelô e Saboeiro, todos pertencentes a Coordenadoria Regional de Iguatu, além de alunos e docentes do curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (FECLI), unidade da Universidade Estadual do Ceará. Inicialmente houve a formação do grupo de estudos entre alunos e professores do curso de Ciências Biológicas, com a partilha de artigos científicos relacionados ao assunto, com o objetivo de possibilitar embasamento teórico para as ações formativas do público alvo. As oficinas de formação continuada com os agentes de endemias ocorreram no período de setembro a outubro de 2017, no Campus Multi-Institucional Humberto Teixeira, com uma estimativa de 2000 pessoas beneficiadas. Os principais dados foram obtidos através da observação sobre o conhecimento do assunto, interação e desempenho dos participantes. Diante disso, as oficinas de formação continuada, giraram em torno de debates sobre a cenário epidemiológico de arboviroses entre os envolvidos no projeto e os agentes de endemias, visando aspectos como os principais tipos de arboviroses e sua sintomatologia. Além disso, medidas de controle da proliferação dos mosquitos, principalmente nas áreas urbanas, sobretudo em regiões com altos índices de infestação. Foram realizadas atividades práticas laboratoriais para a classificação de culicídeos (Aedes aegypti, Aedes albopictus e Culex spp.), facilitando assim a identificação dos principais vetores de doenças na região, através da diferenciação morfológica, desenvolvimento e chaves de catalogação. Os profissionais poderão compartilhar suas experiências, evidenciando potencialidades e fragilidades de suas áreas de atuação, enriquecendo sua formação continuada e a formação inicial dos futuros professores de Ciências Biológicas. No tocante ao papel social do projeto de extensão, foram realizadas discussões sobre ética profissional. Diante do crescente número de casos de arboviroses no Ceará, consequência da infestação dos mosquitos vetores, percebe-se a importância da execução de medidas integradas de controle desses culicídeos, dentre as quais, essa experiência se mostrou favorável por possibilitar maior integração entre a Universidade e a comunidade, promovendo um elo necessário para reduzir o impacto dessas doenças de importância global. Palavras-chave: educação, saúde, endemias, arboviroses Referências BHATT S, GETHING PW, BRADY OJ, MESSINA JP, FARLOW AW, et al. (2013) e global distribution and burden of dengue. Nature 496: 504-507. BRAGA, I. A.; VALLE, D. Aedes aegypti: inseticidas, mecanismos de ação e resistência. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 16, n. 4, p. 279293, 2007. CEARÁ, Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Disponível em: http://www.ipece.ce.gov.br/>. Acesso em: 14/01/2017. DA-SILVA-VOORHAM, J. M. et al. [Dengue: a growing risk to travellers to tropical and sub-tropical regions]. Nederlands tijdschrift voor geneeskunde, v. 153, p. A778-A778, 2008. FORATTINI, Oswaldo Paulo. Identificação de Aedes (stegomyia) Albopictus (skuse) no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 20, n. 3, p. 244-245, 1986.