Resumo As práticas educativas têm sido repensadas para adequar e atender os novos desafios enfrentados por professores e educadores devido a mudanças na forma em que os estudantes estão aprendendo e organizando seus estudos. Com o advento da internet e a expansão dos recursos tecnológicos, cada vez mais os estudantes, principalmente crianças e jovens, utilizam a tecnologia na forma de entretenimento, nas relações sociais e de trabalho. Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD do ano de 2016, o celular está presente em 92,6% dos 69,3 milhões de domicílios, a mesma pesquisa ainda demonstra que 94,2% das pessoas que utilizam a internet no Brasil o fizeram para trocar mensagens de texto voz ou imagens e uso da internet foi crescente com o aumento da idade do usuário, chegando ao ponto máximo de acesso na faixa etária de 18 a 24 anos com 85,2%. (IBGE, 2018). As tecnologias de informação e comunicação (TICs) estão presentes na geração atual. Segundo Coscarelli (2016, p. 153), "O acesso e o domínio das TICs constituem uma condição do desenvolvimento pessoal e profissional do cidadão, e já se pode constatar o distanciamento entre os que conhecem e os que desconhecem a linguagem digital". É possível observar uma mudança na forma da comunicação devido a expansão tecnológica e do acesso crescente a rede mundial de computadores, umas dos principais aplicativos utilizados na comunicação da década atual é o WhatsApp. Segundo Dâmaso (2017), "o WhatsApp é um aplicativo de troca de mensagens e mídias que funciona no modelo de redes sociais, permite a interação através de conversas privadas e a criação de grupos de mensagens semelhante à uma sala de bate papo". Nesse sentido é possível aproveitar o avanço tecnológico e o acesso à internet para explorar e colocar em prática novas abordagem e descobrir novas práticas educativas que estão ligadas as formas de comunicação atual da nossa sociedade e de nossos alunos. Freire (1996) aborda essa reflexão da seguinte maneira, "É pensando criticamente a prática de hoje, ou a de ontem, que se pode melhorar a próxima prática." Neste trabalho é apresentado um relato da experiência de ensino híbrido, através do uso das tecnologias e do aplicativo de voz e mensagens WhatsApp para colocar em prática o desenvolvimento de um estudo formal que será realizado em parte na sala de aula, aliado a outra parte de estudo informal que se consolida pela discussão e do debate sobre um tema pré-definido através do WhatsApp. Serão avaliados as discussões e o resultado dessa experiência. "O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino on-line, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua residência" (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p.7). Esse estudo foi realizado no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro campus Uberlândia Centro, no curso de pós-graduação em Tecnologias, Linguagens e Mídias em Educação. O professor da disciplina de "Multimídias aplicadas à educação" selecionou alguns artigos com temas relacionados ao uso das tecnologias na educação. A atividade propôs que os alunos se dividissem em grupos de 4 ou 5 pessoas, lessem e compartilhassem as informações contidas no artigo com os demais grupos, essa primeira parte das atividades foi realizada de forma presencial. Em outro momento os alunos adquiriram conhecimentos práticos sobre ferramentas de edição de som, vídeo e animações como: Windows Movie Maker, Audacity, PowToon, o intuito dessa preparação técnica serviu para que os alunos desenvolvessem um Objeto de Aprendizagem - OA baseado nos temas dos artigos que outrora foram discutidos. "Um Objeto de Aprendizagem é qualquer recurso, suplementar ao processo de aprendizagem, que pode ser reusado para apoiar a aprendizagem, termo geralmente aplicado a materiais educacionais projetados e construídos em pequenos conjuntos visando a potencializar o processo de aprendizagem onde o recurso pode ser utilizado" (TAROUCO, FABRE, TAMUSIUNAS, 2003, p. 2). Diferentemente da discussão dos temas dos artigos que foram realizados em sala, toda parte da preparação técnica foi realizada no laboratório de informática, esta parte da atividade é parte da nomenclatura de ensino híbrido disruptivo de rotação por estação e laboratório, "os modelos de Rotação por Estações, Laboratório Rotacional e Sala de Aula Invertida seguem o modelo de inovações híbridas sustentadas. Eles incorporam as principais características tanto da sala de aula tradicional quanto do ensino online." (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p.3). Na parte final da experiência, os alunos desenvolveram, como tarefa extraclasse, um vídeo utilizando as tecnologias estudadas em sala para apresentar o tema proposto. O compartilhamento do vídeo foi através de um grupo criado no aplicativo WhatsApp, foi estabelecido um intervalo de 8 horas entre cada postagem, nesse período todos os participantes deveriam analisar e comentar com olhar crítico a respeito do tema relacionado ao vídeo. Esta etapa foi complementar ao modelo de ensino híbrido, pois as atividades aqui foram realizadas de maneira não presencial, porém online. Como resultados e discussões verificou-se que à medida que os vídeos foram compartilhados, alunos e professor redobraram a atenção para as apresentações e isso resultou em uma reflexão crítica e entusiástica sobre o tema abordado por cada grupo. O modo como foi realizada a atividade e consecutivamente o compartilhamento através do WhatsApp trouxe facilidades no processo de aprendizado dos alunos. Esta prática fomentou as discussões e opiniões através do WhatsApp, aqueles alunos que não expressavam as suas opiniões em sala de aula, passaram a expressá-las com firmeza e clareza através do WhasApp. O fato de o WhatsApp ser uma ferramenta utilizada nas atividades cotidianas dos alunos também foi algo positivo, uma vez que a apresentação do trabalho aproximou a prática pedagógica à rotina dos alunos. Através dessa experiência híbrida disruptiva compreendemos que o emprego das tecnologias como recurso acessório ao processo de ensino e aprendizagem, aliado as aulas presenciais e as atividades em laboratório, foram importantes para garantir o comprometimento dos alunos no desenvolvimento do trabalho e na reflexão crítica sobre os tema, utilizando as tecnologias presentes no seu cotidiano das suas atividades pedagógicas, vencendo as barreiras da distância, complementando atividades presenciais e contribuindo para a construção do conhecimento de forma sólida e gradativa. Palavras-chave: Ensino híbrido, Prática educativa, Proposta pedagógica. Referências IBGE. PNAD Contínua TIC 2016. Abr. 2018. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2018. COSCARELLI, Carla Viana (org.). Tecnologias para aprender. São Paulo: Parábola, 2016. DÂMASO, Livia. Artigo sobre o uso do WhatsApp. Jun. 2017. Disponível em Acesso em: 22 Jul. 2018. CHRISTENSEN, C. M.; HORN, M. B.; STAKER, H. Ensino híbrido: uma inovação disruptiva? Uma introdução à teoria dos híbridos. 2013. Disponível em: . Acesso em: 01 set. 2018. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 1998. TAROUCO, Liane; FABRE, Marie-Christine Julie Mascarenhas; TAMUSIUNAS, Fabrício Raupp. Reusabilidade de objetos educacionais. Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 1, n. 1, fev. 2003. Porto Alegre, 2003.