Este trabalho apresenta resultados de um estudo realizado em uma comunidade tradicional quilombola, localizada em Mato Grosso do Sul, em que foi proposta uma intervenção pedagógica baseada nos saberes populares de moradores da comunidade sobre plantas medicinais com conhecimentos científicos de botânica, mais especificamente sobre conceitos de morfologia vegetal. A metodologia foi composta por dois momentos. O primeiro foi a realização de uma pesquisa etnobotânica com 63 moradores da comunidade. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e aplicados dois formulários, um denominado etnobotânico, que abordou temas específicos sobre as espécies de plantas eleitas pelos entrevistados como importantes para a vivência na comunidade e outro denominado etnossocial, em que foram investigados temas socioeconômicos e outros aspectos relevantes, como valores, hábitos, atitudes, crenças e opiniões dos informantes, no sentido de esclarecer como eles compreendem, interpretam e se relacionam com as plantas medicinais. Assim, norteado por método etnográfico, esses saberes locais foram explorados e, posteriormente, através de pesquisa empírica de cunho qualitativo, transpostos para a sala de aula e dialogados junto aos conteúdos de biologia vegetal, por meio de materiais de ensino. Foi utilizada a Teoria da Aprendizagem Significativa como referencial teórico de condução da pesquisa, cujo principal instrumento metodológico de avaliação foi o Mapa Conceitual. A triangulação dos dados sugere que o diálogo de saberes estabelecido como proposta para a pesquisa foi eficaz para uma aprendizagem significativa de conceitos de Botânica.