O objetivo deste artigo é analisar preliminarmente a criação do Colégio Internacional em Campinas. No século XIX, dois colégios presbiterianos foram criados a partir de iniciativas individuais de missionários calvinistas devidamente instalados no Brasil, George Nash Morton e Edward Lane, fundadores do Colégio Internacional em Campinas e George Chamberlain e sua esposa Mary Annesley, que organizaram na cidade de São Paulo, a Escola Americana, embrião da futura Universidade Presbiteriana Mackenzie. Os missionários citados são oriundos de agências missionárias norte-americanas diferentes. O casal Chamberlain foi enviado pela agência missionária conhecida como The New York Board, órgão da Igreja Presbiteriana do Norte dos Estados Unidos (United Presbyterian Church of North America), que foi a mesma que enviou o primeiro missionário presbiteriano em 1859, o Reverendo Ashbel Green Simonton. No contexto da Guerra de Secessão (1861-1865) nos EUA, os presbiterianos sulistas realizaram uma Assembleia Geral no Estado da Geórgia em 1861, e organizaram uma nova igreja, que inicialmente se chamaria Igreja Presbiteriana dos Estados Confederados, mas que acabou sendo denominada como Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, é esta igreja nascente que cria na mesma Assembleia Geral já mencionada, o Comitê Executivo de Missões no Estrangeiro, agência missionária que estará por trás da evangelização do interior de São Paulo e da criação do Colégio Internacional em Campinas. O foco de nossa análise estará concentrado neste último colégio. A partir do ferramental teórico oriundo da História Cultural, pretende-se demonstrar como ele representa uma cosmovisão protestante tentando intervir de maneira decisiva no espectro cultural de uma nação sul-americana, até então, agrária, escravocrata, fundamentalmente católica e vista como atrasada.