A lenda do Lobisomem tem uma grande penetração no imaginário popular. Novelas, filmes, romances, retomam, de modo simbólico, a imagem ambígua do homem-lobo. Trata-se de um ser “predestinado” que em certos dias do mês – nas noites de lua cheia – se transforma numa espécie de fera. No entanto, é possível encontrarmos uma abordagem mais lúdica deste personagem de nosso folclore, tanto na narrativa quanto na poesia. Discutiremos nesta comunicação a retomada do personagem Lobisomem na poesia destinada a crianças, com ênfase na análise de “Lobisomem”, do poeta carioca Eucanaã Ferraz (2012). Na abordagem de Ferraz destaca-se a solidão da personagem, tendo em vista a rejeição a que é submetido. Refletiremos também sobre as possibilidades de leitura oral do poema dando ênfase ao ludismo sonoro e semântico que sua construção encerra. Partimos de uma experiência de leitura no âmbito familiar, com uma criança, para, a partir daí, pensarmos o lugar da poesia no cotidiano infantil. Respaldamo-nos, teoricamente, nas reflexões de Cademartori (2012), Cascudo (2000) e Alves (2018) para pensarmos possibilidades de abordagem do poema no contexto escolar.