A leitura da poesia de Manoel de Barros destaca-se, dentre muitos traços, pelo modo como lança mão de imagens que retratam animais os mais diversos, sobretudo os rastejantes, as aves e os insetos. Dentre esses seres pode-se falar que as formigas têm uma presença das mais constantes, podendo ser vista em vários de seus poemas desempenhando papéis significativos e contrários aos que lhes são remetidos habitualmente. Dessa forma, esta comunicação tem por objetivo apresentar peculiaridades da presença das formigas na poesia de Manoel de Barros, ou seja, como o poeta apresenta ao leitor novas percepções da natureza a partir da poetização desse e de outros animais. A formiga, por exemplo, não comparece, como na tradição da fábula, como símbolo do trabalho, pois tem seu papel reconfigurado na poesia do poeta. No procedimento metodológico, foi utilizado parte de uma seleção de poemas recolhidos de toda obra do poeta e posterior análise, observando ritmos, jogos sonoros, deslocamento de imagens, sinestesias e outros procedimentos. Nosso aporte teórico foi construído com base nas reflexões teóricas de Candido (1996), Caro (1986), dentre outros. De acordo com esta perspectiva, acreditamos que a caracterização singular das formigas e de outros animais na poesia de Manoel de Barros pode contribuir para estabelecer novas perspectivas em relação ao modo como percebemos os animais e a natureza em geral.