Este trabalho buscou discutir sobre o processo de escolarização da criança surda, a partir de dois objetivos: entender a escola pela perspectiva da infância e surdez com crianças surdas e discutir o que elas mudariam ou ampliariam no seu contexto escolar. Investigamos então como as crianças surdas podem contribuir para assuntos sobre educação de surdos(as), bilinguismo, infância e processos de inclusão escolar, visto que são temas predominantemente discutidos em trabalhos acadêmicos pela ótica das Leis, do corpo docente e da família da criança surda. Isto é, muito se fala sobre as crianças, mas não necessariamente com elas. Assim, realizamos um estudo de dois casos com crianças surdas, com idades entre 6 e 7 anos, que compõem uma sala de aula com proposta bilíngue numa escola municipal de Recife. Desenvolvemos uma oficina de desenho com o propósito de conhecer suas opiniões sobre a escola numa linguagem lúdica e visual. A partir da análise dos dados, percebemos que as crianças participantes da pesquisa trazem uma perspectiva da escola muito mais visualizada pelas lentes da infância do que a surdez. Elas questionaram a falta de aparelhos digitais na escola e o gosto pelo brincar. Tais nuances nos faz refletir que a educação escolar de crianças surdas tende a considerá-las apenas como aluno(a) surdo(a), sem se dar conta do ser criança que se subjetiva sob a condição da surdez.