A conservação e manutenção das sementes através da Tecnologia Social é uma das principais formas de preservação da agrobiodiversidade, a qual contribui para o alcance da sustentabilidade tendo como referência a dimensão ambiental. Considerando a forma como os agricultores familiares preservam a agrobiodiversidade, através das Casas de Sementes, notou-se a importância de um estudo sobre esta Tecnologia Social nos municípios de Crato e Nova Olinda. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo estabelecer a relação entre as Casas de Sementes e as dimensões da sustentabilidade (ambiental, econômica e sociocultural). Os dois municípios do estudo estão localizados no Sul do Estado do Ceará e fazem parte da Região Metropolitana do Cariri. Embora a maioria das Casas de Sementes visitadas estarem inativas durante a realização deste estudo, foi possível observar que todos os representantes das Comunidades reconhecem a importância dessa Tecnologia Social para a preservação da diversidade agrícola. Na perspectiva econômica as Casas de Sementes contribuem para a autonomia dos agricultores, a segurança alimentar e o desenvolvimento local, esses atributos foram destacados pelos entrevistados e observados durante a pesquisa. A percepção da sustentabilidade através de indicadores das dimensões social e cultural também foram evidentes. Palavras-chaves, como antepassados e coletividade foram relatadas pela maioria dos participantes desta pesquisa. Diferentemente das variedades modernas as quais apresentam estreita base genética e alto rendimento, quando cultivadas de acordo com as condições ideais para o seu desenvolvimento, as variedades crioulas possuem uma ampla variabilidade genética o que contribui para a sua rusticidade e resistência em adaptar-se a ambientes extremos, diminuindo o risco de perdas dos plantios. Durante a pesquisa foi possível observar que os agricultores compartilham de atitudes agroecológicas, ou pelo menos estão no processo de transição. Além disso, nas Casas de Sementes são mantidos diversos tipos de semente. Ou seja, a conservação da agrobiodiversidade associada à produção sustentável de alimentos contribui para a promoção da qualidade dos alimentos consumidos e comercializados pelos sócios da Casas de Sementes. De acordo com o Relatório a principal causa da erosão genética é causada sobretudo pela substituição das variedades locais e tradicionais pelas variedades modernas que apresentam estreita base genética e alto rendimento. Porém, com a proposta de resgatar, manter e conservar as variedades locais, as Casas de Sementes constituem uma importante proposta, especialmente para a agricultura familiar da região, para a preservação do patrimônio genético das comunidades. Contribuindo para a discussão, em pelo menos três Tecnologias Sociais identificadas durante a pesquisa observamos a existência de uma ampla variedade de sementes. Na Casa de Sementes Senhor dos Exércitos, por exemplo, em seu último levantamento foi catalogado mais de 50 variedades, entre sementes de feijão, arroz, milho, fava, melancia e outras. Portanto, as contribuições das Casas de Sementes Comunitárias para o desenvolvimento sustentável foram observadas à preservação da agrobiodiversidade, a autonomia dos agricultores, a segurança alimentar, o coletivismo, a valorização dos conhecimentos e saberes populares e o desenvolvimento econômico das comunidades.