O processo de urbanização foi acompanhado de mudanças sociais, como as formas de inserção da mulher na sociedade, rearranjos familiares, incrementos tecnológicos. O padrão demográfico sofreu alterações e foi marcado pela queda na fecundidade e o aumento da longevidade impulsionando a um envelhecimento acelerado da população brasileira. Observam-se, ainda tendências de baixo crescimento da população jovem, desaceleração do crescimento da população em idade ativa e grande crescimento do contingente de idosos. Essas modificações exerceram grande impacto no modo de viver, trabalhar e se alimentar dos brasileiros e maior expectativa de vida que aumentam a incidência das doenças crônicas não transmissíveis, principais causas de óbito e incapacidades no Brasil. Em 2010, as Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) responderam por 73,9% dos óbitos no Brasil, dos quais 80,1% foram devido a doença cardiovascular, câncer, doença respiratória crônica ou diabetes. O presente estudo, portanto, apresenta como objetivo a comparação da Mortalidade Proporcional por Faixa Etária nas principais Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANTS) e Causas Mal Definidas nos períodos de 1996 a 2000 e de 2006 a 2010, dos idosos residentes no Rio Grande do Norte (RN), a fim de elucidar a concentração e a proporção de óbitos por idade nos diversos capítulos da Classificação Internacional das Doenças, versão 10 (CID-10). Trata-se de um estudo ecológico a partir da utilização de dados secundários do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esses tabulados nos softwares TABWIN e Excel. Na análise dos dados observou-se que proporcionalmente a faixa etária dos longevos (80 anos e mais) é majoritária na maior parte das causas estudadas, com destaque nas doenças do aparelho respiratório (1º quinquênio- 53,64% e 2º quinquênio- 48,34%) e causas mal definidas (1º quinquênio- 64,83% e 2º quinquênio- 65,85%). Ressalta-se a substancial elevação de, aproximadamente, 10 pontos percentuais, na faixa etária acima mencionada, para o quinquênio de 2006 a 2010 em relação ao primeiro período analisado, no que tange as causas de óbitos por neoplasia (1º quinquênio- 27,33 % e 2º quinquênio- 35,37%), doenças do aparelho circulatório (1º quinquênio- 40,53% e 2º quinquênio- 52,24%), por causas externas (1º quinquênio- 25,72% e 2º quinquênio- 34,55%) e mal definidas, com informações já apresentadas. O fenômeno resulta, possivelmente, de uma maior sobrevida dos idosos mais jovens, o que acarreta uma polarização dos óbitos na faixa etária mais longeva. Nessa perspectiva é necessário que os Sistemas e Serviços de Saúde locais atentem para a necessidade se planejar não apenas para um aumento de demanda por parte da população idosa, mas advinda da sua maior sobrevida, deverá emergir um padrão diferenciado e complexo de morbimortalidade, com necessidades de tratamentos específicos para a multiplicidade, muitas vezes no mesmo indivíduo, de agravos e doenças.