INTRODUÇÃO: Nos últimos anos o papel social da mulher sofreu mudanças significativas. Entretanto, no ideário popular conservador, a mulher é vista a partir de uma perspectiva maternal, responsável pelos cuidados com a família e com o lar. Dessa forma, para aquelas mulheres que não conseguiram/não quiseram se enquadrar neste modelo instituído no nosso cenário sociocultural, muitas vezes, resta o estigma de fracasso. No início do período de atuação na Instituição de Longa Permanência, foi realizada uma triagem com o objetivo de identificar quais eram as principais demandas psicológicas dos idosos residentes no local. A idealização do grupo ocorreu a partir da identificação de uma demanda em idosas solteiras e sem filhos. Assim, este estudo visou relatar a experiência de um grupo terapêutico com idosas institucionalizadas. Consideramos a sua relevância, em virtude da escassez de pesquisas relacionadas ao tema. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência descritivo acerca de um grupo psicoterapêutico realizado durante o estágio da Residente de Psicologia na Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde do Idoso, em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos, de um Centro Geriátrico, situado no Município de Salvador-BA. As atividades grupais foram realizadas em encontros semanais, durante o período entre setembro e novembro de 2016. O grupo foi formado por (08) oito idosas, moradoras da referida Instituição. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O grupo psicoterapêutico teve a finalidade de produzir discussões visando provocar reflexões a respeito da temática proposta. Para a introdução de cada tema, foram utilizadas dinâmicas, animações e músicas, considerando o perfil grupal. E uma personagem virtual, que possuía as mesmas características das participantes. No primeiro encontro foi trabalhado o tema identidade, inicialmente, através de uma dinâmica de apresentação, cada idosa falou a respeito da história do seu nome. No segundo encontro trabalhamos os papéis sociais. A primeira atividade, consistiu na demonstração de papéis que desempenhamos, através da personagem, e posterior escuta das idosas participantes. No terceiro encontro, foi abordado o tema envelhecimento, para tanto, utilizamos uma dinâmica de relaxamento destacando a trajetória da vida, como uma viagem. A partir desta atividade, as idosas trouxeram os seus relatos em uma perspectiva positiva, destacando memórias afetivas. No quarto encontro falamos de religiosidade/espiritualidade, as participantes foram convidadas a falar acerca das suas crenças, e todas relataram a sua relação com esta dimensão do ser humano. No quinto encontro foi realizada uma discussão sobre a sexualidade, as idosas trouxeram relatos de experiências vividas e se permitiram falar de seus anseios. Neste encontro, como se tratava do último, também foi realizado um momento de devolutivas. CONCLUSÕES: Na fase da velhice, muitos vetores incidem sobre o sujeito em diversas situações. No que se refere às mulheres idosas, solteiras e sem filhos, existem muitos estigmas que as conformam em uma posição de confinamento pessoal, frente às normatizações. Dessa forma, vimos a sumária importância de ofertar espaço e voz para tais idosas, fazendo emergir a consciência de si, para que as mesmas exercitem o papel de sujeito de escolhas, que deve ser mantido também no âmbito do envelhecimento.