ntrodução: Considera-se pessoa em situação de rua (PSR), pessoas que possuem em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares fragilizados e que utilizam de forma temporária ou permanente os espaços públicos e as áreas degradadas como local de moradia e de sustento, assim como as unidades de acolhimento para pernoitar1. Associados aos problemas de saúde das PSR está o envelhecimento, representando um número crescente. A abordagem e o diálogo sobre o envelhecimento da PSR pode incentivar a mudança dos processos marcados por estigmas e preconceitos e a adoção de políticas públicas. O envelhecimento inicia desde a concepção; entretanto, as alterações na saúde são mais evidentes ao decorrer dos anos, sendo mais incidentes em idades mais avançadas2.Objetivo: relatar a experiência de discentes de enfermagem com os cuidados a pessoas idosas e em processo de envelhecimento em situação de rua. Metodologia: estudo descritivo, tipo relato de experiência que surgiu no estágio da disciplina de Saúde Mental no período Outubro a Novembro de 2014, onde foram acompanhadas equipes do Consultório na Rua (CnaR). Resultados: ao encontrar com as PSR foi percebido que a maioria tinha residência e saiu do convívio familiar por conflitos, problemas financeiros e uso de substâncias psicoativas. Alguns eram idosos, outros aparentavam ter mais idade do possuíam. Foram realizados os cuidados iniciais, anamnese e verificação de queixas e necessidades, abordagens utilizando a redução de danos, trocas de curativos e encaminhamentos para outros pontos de atenção da Rede de assistência. Durante o cuidado foi possível identificar que alguns hábitos contribuíram para o envelhecimento, os principais foram o consumo de substâncias psicoativas, déficit de autocuidado, exposição ao sol e chuva e privação de sono. Discussão: corroborando com nossas percepções, Silva e Gutierrez em artigo sobre idosos em situação de rua afirmam que no âmbito dos idosos em situação de rua, o rompimento dos vínculos familiares foi motivado pelas situações de pobreza, alcoolismo e conflitos, desencadeando, por fim, a ida para as ruas3. Conclusões: é necessário a ampliação do olhar e das políticas públicas sobre a pessoa idosa em situação de rua por sua dupla condição de vulnerabilidade, reconhecendo-os como objeto do cuidado. A enfermagem vem a contribuir com a oferta de práticas de cuidado conjuntamente com as equipes de CnaR.
Referências
1. Brasil. Decreto n° 7.053, de 23 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília; 23 Dez. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7053.htm.
2. Mattos CMZ, Grossi PK, Kaefer CT, Terra NL. O envelhecimento das pessoas idosas que vivem em situação de rua na cidade de Porto Alegre, RS, Brasil. Revista Kairós Gerontologia [periódico na Internet]. 2016 [acessado 2017 Out 10]; 19(3): [cerca de 20p.]. Disponível em: .
3. Silva HS, Gutierrez BAO. Dimensões da Qualidade de Vida de Idosos Moradores de Rua do Município de São Paulo. Saúde e Sociedade [periódico na Internet]. 2013 [acessado 2017 Out 10]; 22(1): [cerca de 12p.]. Disponível em: http://www.scielo.br/readcube/epdf.php?doi=10.1590/S0104-12902013000100014&pid=S0104-12902013000100014&pdf_path=sausoc/v22n1/14.pdf&lang=pt