Naturalmente, o processo de envelhecimento está associado ao surgimento de limitações funcionais e dores, sendo a dor uma queixa bastante comum em idosos durante as consultas médicas. A prevalência da dor em idosos no Brasil e no mundo pode variar entre 37% a 70%, tornando-se um sintoma prevalente e frequente, sua presença no envelhecimento produz um impacto negativo na produtividade e qualidade de vida dos indivíduos acometidos, facilitando o processo de declínio funcional. O presente estudo tem como objetivo descrever a intensidade e tipo de tratamento para dor nos idosos de acordo com sexo e faixa etária; e determinar a qualidade de vida em idosos nas unidades de saúde de um município de médio porte da região centro oeste. Trata-se de um estudo descritivo transversal de abordagem quantitativa, realizado conforme as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde), aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás. Amostra aleatória, onde os dados foram coletados nas unidades de saúde por cinco meses. Os participantes são idosos de 60 a 75 anos, de ambos os sexos. Utilizamos o inventário resumido da dor (BPI), versão portuguesa do Brief Pain Inventory (Short Form), traduzido, adaptado e validado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e o questionário genérico da avaliação da qualidade de vida SF-36, traduzido para a língua portuguesa e validado. Os dados foram tratados por meio de análise estatística descritiva realizada no pacote estatístico SPSS – Statistical Package for Social Sciences. Participaram 301 idosos, onde 125 (41,5%) estão na faixa etária de 60 a 64 anos. Houve queixa de dor em aproximadamente 49,4% dos idosos. A intensidade da pior dor nas últimas 24 horas apresentou a média de 5, sendo significativamente maior na faixa etária de 65 a 69 anos (p= 0,036). Em relação ao tipo de tratamento realizado para dor, 213 dos idosos (71%) relataram a utilização de analgésicos. O alívio da dor mediante ao tratamento é referido com percentual entre 70 a 100%, pela maioria dos idosos. Os piores escores de qualidade de vida foram observados nos domínios “aspectos emocionais” (51,45), “dor” (52,84) e “capacidade funcional” (56,42), correspondendo as menores pontuações do questionário SF-36. Os maiores escores foram nos domínios “vitalidade” (59,29), “estado geral em saúde” (58,81) e “aspectos sociais” (58,69). A dor crônica em idosos é considerada um problema de saúde pública, pois leva a um aumento na demanda dos serviços de saúde, tornando necessária a realização de uma correta avaliação, mensuração e diagnóstico pela parte de profissionais da saúde, visando o tratamento mais adequado, com consequente prevenção e/ou diminuição de morbimortalidade e a melhora na qualidade do processo de envelhecimento. É importante colocar em pauta que estudar fatores que interferem nas condições de saúde do idoso, como dor crônica, pode designar estratégias de intervenção e contribuir para o planejamento de ações promovendo qualidade de vida e, consequentemente, permitindo a avaliação do impacto destas intervenções no estado de saúde e bem-estar dos longevos.