Este artigo tem por objetivo discutir a histórica da objetificação da mulher negra, denominado como mulata presente no imaginário cultural brasileiro pelo estereótipo de servilismo profissional e sexual, e que sustentada pelo passado histórico de escravidão, criou o ícone da “mulata profissional”, uma mulher dotada de erotismo e produto das mídias que prestam o papel de comercializar e espetacularizar essa imagem mundo a fora. Buscamos construir uma análise que pretenda investigar o mito da democracia racial amplamente difundido, mas que ironicamente notamos a sua presença apenas durante as festividades do carnaval. Momento em que a mulata torna-se protagonista da festa em que todos os seus atributos físicos são explorados, alçando-a ao posto de celebridade. Endeusada pelo sistema que a coisifica, soma-se a isso, o excesso de violência simbólica que todo o seu passado histórico traz como bagagem. A objetificação sexual da mulata delimita o seu espaço enquanto ser humano e mulher, tornando-a uma figura mítica do desejo imaginário escravocrata e sustentando a manutenção e perpetuação da dominação patriarcal, contribuindo para o controle sócio político de uma nação. Ademais, pretende-se compreender de que maneira o imaginário brasileiro ainda sustenta a reprodução da imagem deturpada da mulher negra enquanto objeto de consumo sexual, portanto a reflexão contribuirá para a desconstrução de estereótipos e discursos racistas, que veladamente ainda se mantém vivos de forma sistemática no Brasil.