Ao se considerar a importância da floresta Amazônica que, como entidade regional, influi no clima global, deve-se estar consciente que muitos dos processos que determinam esta importância estão associados a características da interação floresta-atmosfera. Um aspecto importante nessa interação é o papel do ozônio (O3) presente na camada limite atmosférica (CLA). Estudos mostraram que na região amazônica os níveis de O3 na CLA geralmente permanecem baixos. Entretanto, é possível observar elevados aumentos nos níveis de O3 para situações de convecção profunda, com intensos downdrafts associados a complexos convectivos do tipo linhas de instabilidade. Estudos vem identificando tais complexos via imagens de radar e satélite. Contudo, é importante mencionar que tal metodologia de detecção apresenta certa subjetividade. Neste trabalho foram usados dados de superfície para a identificação desse sistema. Recorreu-se ao número de Richardson: Nr =CAPE/(du/dz)^2 que relaciona energia potencial disponível para a convecção (CAPE) e cisalhamento do vento próximo a superfície. Os dados utilizados foram coletados durante o projeto GoAamazon que ocorreu no período de 2014-15 na região de Manacapurú, Amazonas, Brasil. Para um estudo de caso, realizado no dia 27 de novembro de 2014, observou-se que durante a passagem de uma linha de instabilidade acima do sítio experimental, os valores de CAPE e cisalhamento do vento diminuem e aumentam, respectivamente. Com isso, o Nr apresentou um valor aproximadamente 1.000 vezes menor que o valor apresentado antes da presença de tal linha. Portanto, podemos inicialmente concluir que o Nr apresenta-se como um bom preditor de linhas de instabilidade.