Inselbergues são rochas monolíticas, designados também como afloramentos rochosos gnáissicos ou graníticos, cobertos por pouco solo e que tem sua vegetação circundante diferenciada (POREMBSKI & BARTHLOTT, 2000), tanto em aspectos florísticos quanto fisionômicos (PORTO et al., 2008). O termo “inselbergue” foi proposto inicialmente pelo geólogo alemão Bornhardt em 1900, para designar emersões abruptas de rochas solitárias ou em grupos (POREMBSKI, 1997).Tidos como importantes unidades de paisagem frequentes ao longo de todo semiárido do nordeste brasileiro (PEREIRA NETO & SILVA, 2012), os inselbergs ainda são insuficientemente conhecidos em aspectos florísticos, genéticos, biogeográficos e comportamentais de suas populações vegetais (FABRICANTE, 2010). Os afloramentos rochosos da mesorregião do Sertão paraibano, especialmente a cidade de Patos, apesar de sua expressividade, têm sua flora menos conhecida que as dos inselbergs das mesorregiões da Mata e do Agreste do mesmo estado (LUCENA et al., 2015). Preocupados com esta problemática, o objetivo deste trabalho foi inventariar a flora dos afloramentos rochosos graníticos (inselbergues) da cidade de Patos, Sertão da Paraíba. Desde 2011, coletas quinzenais adotando as técnicas apresentadas por Judd et al. (2009) e IBGE (2012) tem sido realizadas nas áreas de estudo, contemplando as estações seca e chuvosa na região. Todos os exemplares coletados foram fotografados, descritos em caderneta de campo e georreferenciados. A identificação das espécies foi feita através de análise minuciosa dos caracteres morfológicos vegetativos e reprodutivos em lupa, uso de chaves de identificação, consulta a sites botânicos, guias de imagens, além de consultas a especialistas para táxons de maior complexidade. O material coletado está depositado no acervo do Herbário do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande, como fruto de um projeto “Flora e Vegetação dos Inselbergues de Patos, mesorregião do sertão paraibano” financiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção a Natureza. A flora dos inselbergues deste município está representada até o momento por 212 espécies, distribuídas em 148 gêneros e 57 famílias, das quais nove pertencem ao clado das monocotiledôneas e uma ao grupo das pteridófitas (Selaginallaceae). Fabaceae foi a mais representativa das famílias (Figura 2), com 35 espécies, seguida por Euphorbiaceae (17 spp.), Convolvulaceae (16 spp.), Malvaceae (15 spp.), Poaceae (11 spp.), Asteraceae (10 spp.), Boraginaceae s.l (sete spp.), Passifloraceae (seis spp.), Apocynaceae, Cactaceae e Verbenaceae (cinco spp. Cada). O projeto gerou impactos positivos no âmbito científico e socioambiental. A divulgação das atividades do projeto na universidade e na cidade suscitou, em muitos setores, um despertar de valorização ambiental dessas áreas tão comuns no município e na região circunvizinha em todo o sertão paraibano. Ações conservacionistas por parte dos seus proprietários e dos órgãos competentes serão necessárias para proteção do rico patrimônio geológico e biológico existente nestes ecossistemas.