Este artigo reúne um dos resultados de uma pesquisa científica realizada no período de 12/2012 à 07/2016, financiada pelo CNPq. Tem por objetivo refletir sobre a educação do campo, enquanto concepção construída pelos movimentos sociais do campo, que pretendia superar as subordinações que a educação rural impunha aos seus sujeitos. Nessa direção utilizamos duas categorias – palimpsesto e colonialidade – como recurso para desnudar a ideia de que não existe mais educação rural, pelo fato da educação do campo se tornou uma realidade em todas as escolas do interior de Pernambuco. A nossa análise se apoia no Método do Caso Alargado definido nos termos de Boaventura de Sousa Santos. Assim, procuramos confrontar os (des)caminhos da transição “educação rural versus educação do campo”. As nossas conclusões apontam que as ideias de palimpsesto e colonialidade nos ajudam a pensar sobre a distância epistemológica e política entre educação rural e do campo no discurso por um lado, mas pelo outro lado, sobre a proximidade com que essas duas concepções coexistem dentro da intermitência de programas governamentais de educação, que hora convivem com a euforia da mudança e da inovação pedagógica num sentido mais amplo, hora dão um caráter do conservadorismo estrutural que continua a subordinar os povos do campo as condições da educação rural.