As ações definidas como masculinas e femininas são produtos de práticas sociais que constroem a identidade de gênero, e pouco ou nada tem a ver com a natureza biológica e com a fisiologia de cada corpo. Parte-se, então, da compreensão de gênero como um elemento constitutivo das relações sociais firmadas a partir das diferenças entre os sexos e um elemento primário que serve de âncora para significar e dar sentidos às relações de poder. Buscando compreender quais os argumentos mobilizados por homens sobre os serviços de saúde e os cuidados em saúde, buscamos analisar os relatos sobre essas questões produzidos no Facebook por homens que participam de grupos que discutem o tema em apreciação. Para tanto, utilizamo-nos do método de análise de discurso desenvolvido pelos teóricos da Psicologia Social Discursiva. Observou-se uma supervalorização da saúde física, em detrimento dos aspectos psicossociais e simbólicos que envolvem a saúde, principalmente conteúdos relacionados à estética masculina e a busca incessante por um corpo atlético e perfeito. Além do mais, percebe-se que o câncer de próstata assume grande centralidade no material, marcado sobremaneira por discursos impositivos e expressões do tipo imperativas. Em outras palavras, observa-se que pouco ou nada busca se considerar as questões de gênero e seus impactos na saúde do homem, por mais que em alguns momentos se vislumbre alguma preocupação. Por outro lado, vê-se um apelo às antigas representações para definir a essência masculina, principalmente, aquelas relacionadas à representação do macho viril, forte e provedor. Percebe-se então, certa valorização do modelo de masculinidade predominante, mesmo considerando alguns avanços na forma como homem tem percebido as questões de saúde. Assim, velhas representações convivem lado a lado com novas representações de masculinidades, denunciando o caráter complexo, multifacetado e híbrido do discurso de gênero.