A adoção do Bilinguísmo como metodologia para o ensino na educação dos Surdos no país nos desafia a buscar caminhos para compreender as transformações que ocorrem durante o processo tradutório, já que nesta abordagem o ensino da segunda língua (Português) é alicerçado sobre a primeira (Libras). Foi com este intuito que nos propomos a discutir os aspectos envolvidos na tarefa desenvolvida pelos intérpretes, profissionais que buscam criar elos de significação entre línguas distintas. Esta análise tem por base os estudos semióticos de Charles Sanders Pierce. A Semiótica Pierciana nos oferece ferramentas de análise que auxiliam a compreensão do processo tradutório entre sistemas linguísticos verbais e não-verbais, aspecto pertinente para o estudo da Libras, uma vez esta consiste em uma língua de modalidade visuo-espacial. Através da leitura de textos apresentados por Santaella (2002), Jakobson (1995), Levefere (2007) e Arrojo (2003) analisaremos as relações de tradução existentes na realização desta transposição de valor simbólico. Feita a análise é possível verificar que a tradução/interpretação realizada pelos intérpretes das línguas de sinais não pode ser considerada simplesmente como reprodução de palavras, mas como um processo de reescrita, adquirindo assim seu valor próprio. Esta nova perspectiva nos permite compreender a difícil tarefa a qual estes intérpretes são submetidos e desta forma contribuir para uma maior valorizarmos deste trabalho tão árduo e complexo.