A execução de higiene oral é considerada uma prática essencial de higiene e de fácil execução do dia a dia, porém, para os pacientes idosos com limitações funcionais, impostas por doenças crônico-degenerativas, essa prática seapresenta difícil, às vezes inviável.Torna-se fundamental a presença de um cuidador capacitado para realizar a técnica em pacientes no estado de Síndrome de Déficit no Autocuidado ou ainda da atuação de um cirurgião dentista a fim de garantir uma higiene oral completa e eficiente. Dentre as maiores dificuldades enfrentadas, está a falta de colaboração do paciente devido à cognição prejudicada, com conseqüente abertura bucal limitada, impedindoa correta utilização da escova e do fio dental. Outros dispositivos são usados como forma de prover a assistência por cuidadores e demais profissionais, porém de forma deficiente. Este trabalho consiste na apresentação de relato de experiência, onde se realiza a execução de higiene oral de um paciente completamente dependente para atividades de vida diária, com saúde oral comprometida. J. S. B. , 79 anos, portador de Doenças de Alzheimer e Parkinson em grau avançado, arritmia instável, uso de poli fármacos e de sonda nasoenteral para dieta e medicações, porém ainda com liberação para dieta oral, é restrito ao leito. Durante a avaliação inicial, observou-se vedamento labial excessivo, recusa ao procedimento e dificuldades de acesso à cavidade bucal. Através do afastamento labial ativo e utilização do abridor de Molt, foi conseguida a abertura necessária, bem como estabilização da mandíbula para realização do procedimento. Ao exame da cavidade oral observou-se restos radiculares, gengivite, saburra lingual, tórus mandibular e exostoses. O paciente apresentava várias raízes dentárias com mobilidade e parcialmente recobertas por gengiva, formando cavidades que acumulavam restos alimentares de forma crônica, sendo deficiente a limpeza pela escova dental nessas regiões. Em seguida foi realizada a desinfecção oral com clorexidina 0,12%embebida em gaze e curetagem das raízes com cureta de dentina, onde se observou grande acúmulo de restos alimentares. Depois realizou-se a escovação dos restos radiculares e de toda a mucosa: gengiva, palato, bochechas, com escova dental macia e creme dental à base de Cloridrato de Benzidamida. A higiene da língua foi realizada com um dispositivo artesanal, confeccionado com espátulas de madeira, gaze e fita, imerso no antisséptico bucal. O uso de fio dental foi dispensado , pois não havia dentes preservados com pontos de contato íntegros. Todos as etapas foram explicadas à cuidadora, sendo enfatizada a importância de se manter um bom estado de saúde bucal do paciente acamado, a fim de se prevenir complicações locais e sistêmicas. Desse modo a higiene oral foi realizada em sua totalidade, minimizando complicações ao paciente e trazendo-lhe conforto. O acompanhamento do cirurgião dentista odontogeriatra é fundamental para provimento da assistência de forma integral, atendendo às necessidades individuais do paciente e para o treinamento de cuidadores responsáveis pelo provimento da assistência diária.