As relações entre os grupos sociais e a natureza requerem ações regulatórias que levem em conta a complexidade de territorialidades e objetivos existentes, uma vez que desconsiderá-la gera conflitos e injustiças. Uma potencial forma de lidar com tais conflitos é incorporando os saberes populares no planejamento e gestão ambiental, o que pode ser alcançado por meio da etnogeografia. Este trabalho tem como objetivo elaborar uma revisão teórico-metodológica sobre a etnogeografia e refletir sobre sua importância para o campo da gestão ambiental. Para isso, foram realizadas pesquisas em portais de divulgação científica tendo como base palavras-chave como “etnogeografia” e “etnociência”. Textos que abordavam a gestão ambiental, o conhecimento popular e diferentes percepções e representações do espaço foram lidos e analisados. O texto traz marcos na evolução do conceito, demonstrando sua polissemia e como o campo etnogeográfico nasceu. Ele surgiu em meados do século XX, interessado nas práticas e conhecimentos espaciais dos grupos e preocupado em analisar esse saber outro de forma não etnocêntrica. Integrar os saberes científico e vernáculo traz novas perspectivas e abordagens para resolução de problemas, além de promover a participação de comunidades tradicionais nas tomadas de decisões. Reconhecer a importância dos saberes vernaculares na gestão dos recursos naturais é também reconhecer o direito dessas comunidades de permanecer em seu território e continuar exercendo seu modo de vida. Dessa forma, a etnogeografia surge como potencial instrumento para uma gestão ambiental mais democrática e plural, que reconheça as diferentes formas de habitar o mundo.