A linguagem inclusiva de gênero é uma série de recursos que visa à representação de gênero além do masculino e do feminino. No Brasil, vem emergindo diferentes usos dessa linguagem. Em diferentes locais, a resistência de grupos conservadores e contrários ao reconhecimento de diferentes possibilidades de gênero têm se oposto a esse fenômeno, o que vem gerando disputa em torno da liberdade em usar a língua. Os argumentos das posições contrárias são, em geral, sobre os novos agenciamentos que falantes fazem nas normas de registro linguístico que indiciam marcas de gênero no português. Sob esse cenário de tensão política em torno da língua e do que podemos fazer com ela, esta comunicação objetiva [1] tratar de estudos acerca de expressões diferentes da linguagem inclusiva de gênero em língua portuguesa, [2] apresentar uma visão panorâmica sobre mulheridades e não binariedade de gênero, suas bases culturais e ideológicas, sua história, seus mecanismos de realização e [3] promover uma discussão sobre as repercussões desse modo linguístico na sociedade brasileira, compreendendo tal feito como um exercício de queerificação da linguagem e um projeto político de valorização de corpos precários historicamente alijados no Brasil. O aparato praxeológico que articulamos advém dos Estudos Queer e da Linguística Queer e se justifica por se tratar de um material formativo de potencialização da reflexão-ação para políticas de vida às nossas corpas resistentes em um país, como afirma Moira (2021), ‘necapolítico’ como o nosso. A proposta consiste em, à luz de perspectivas queer sobre os estudos da linguagem e de categorias usadas por diferentes referências da Teoria Queer (a exemplo de Judith Butler, Dodi Leal, Paco Vidarte, Jota Mombaça, Linn da Quebrada, entre outras), exercitar uma rede de investigação sobre o cis-heteropatriarcado no português do Brasil.