A instauração da República trouxe ao Brasil mudanças extremas que foram tatuadas em todo o corpo social levando ao tutelamento do corpo feminino pelo Estado. Este corpo feminino passou a ser “tecido” a partir de discursos plurais que visavam disciplinar e zelar pela honra brasileira e familiar. Este trabalho tem como objetivo visibilizar as múltiplas mulheres e subjetividades que emergiram em Caicó, entre 1900 e 1945 desconstruindo o modelo corporal feminino burguês e questionando a legitimidade da matriz de uma heterossexualidade compulsória. Dessa forma, esta pesquisa é uma forma de entender a heterogeneidade feminina (corpóreo) que perpassa o cotidiano caicoense a partir da visibilidade de novas subjetividades que transcendem os binômios de masculinidade e feminilidade, através da análise de processos–crime de defloramento, artigos do Jornal das Moças e de entrevistas. A esse processo de visibilidade das subjetividades será realizada uma discussão através dos fios de Michel Foucault de poderes, saberes e disciplina, e, de Judith Butler para problematizar a normatividade das matrizes de gênero para além do modelo de corpo feminino burguês desenhado pelos discursos jornalísticos, médicos-higienista e jurídicos.