A existência de pessoas vivenciando situação de rua não é uma realidade nova no Brasil, é um fenômeno que ao longo dos anos, ganha diferentes nomes, mendigos, vagabundos, andarilho, transeunte, vadios, pedintes, morador de rua, de acordo com a realidade do período histórico, mas permanece até os dias de hoje, se modificando de acordo com os contextos histórico, culturais e políticos. Ao longo dos anos no Brasil pouco se falou sobre o perfil da População em Situação de Rua, apenas em 2008 o Ministério de Desenvolvimento Social traçou o perfil desse grupo. Posteriormente levantamentos sobre o perfil vêm sendo produzido com maior frequência, em diferentes estados, e recentemente, em 2023, desenvolvido um relatório pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A população em situação de rua é um grupo heterogêneo, com múltiplas determinações que conduzem à situação de rua. Seu perfil é majoritariamente composto por pessoas do sexo masculino, adultas e negras. Para analisar o perfil da população em situação de rua, pautou-se na análise qualitativa, utilizando como instrumento a pesquisa bibliográfica e documental. Em tempos atuais, apesar da condenação de práticas e de ideologias racistas, ainda são, vivíveis e sentidas, a descriminação com a população negra em situação de rua. A presença de uma população em situação de rua constituída por negros e pardos, resgata a escravidão na sociedade brasileira, mesmo na contemporaneidade. Temos que considerar um fenômeno social, mas também racial, que aponta para profunda vinculação entre a questão de raça e a questão de classe.