Apesar dos substratos neurais dos comprometimentos do andar associados ao envelhecimento nÃo serem completamente compreendidos, estudos recentes apontam que idosos apresentam maior ativaÇÃo do cÓrtex prÉ-frontal durante o andar. Entretanto, os estudos existentes nÃo consideram o processo de envelhecimento em um espectro mais amplo e, ao contrÁrio, apresentam comparaÇÕes limitadas a extremos de idade (adulto jovem X idoso). Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do envelhecimento na atividade do cÓrtex prÉ-frontal durante o andar usual. Foram avaliados 89 participantes que foram distribuÍdos nos seguintes grupos etÁrios: 20-25 (G20), 30-35 (G30), 40-45 (G40), 50-55 (G50), 60-65 (G60) e 70-75 (G70) anos. Um sistema portÁtil de espectroscopia funcional de luz prÓxima ao infravermelho (fNIRS) de 8 canais (OctaMon, Artinis; frequÊncia de amostragem de 10 Hz) foi utilizado para o registro da atividade hemodinÂmica do cÓrtex prÉ-frontal. Os indivÍduos andaram em velocidade preferida ao redor de circuito de 26,8 m de comprimento, com duas retas paralelas de 7 m. Foram realizadas cinco tentativas com duraÇÃo de 60 s, sendo 30 s com o participante em repouso em pÉ e 30 s andando. Os dados da atividade do cÓrtex prÉ-frontal foram registrados pelo software Oxysofttm e a partir dos dados brutos de densidade Óptica, os valores de oxihemoglobina (HbO2) foram calculados empregando a lei modificada de Beer-Lambert. O sinal de cada tentativa foi dividido em trÊs perÍodos: repouso (10 s antes do inÍcio do andar), fase inicial (perÍodo entre 5 e 15 s apÓs o inÍcio do andar) e fase final (perÍodo entre 15 e 25 segundos apÓs o inÍcio do andar). A mÉdia do sinal normalizado (pela amplitude do sinal durante o experimento) foi calculada para cada perÍodo analisado e para cada hemisfÉrio cerebral e a diferenÇa de concentraÇÃo de HbO2 entre os perÍodos foi calculada para avaliar a mudanÇa relativa da atividade cortical entre o andar e o repouso. Um carpete com sensores de pressÃo (GAITRite®, frequÊncia de amostragem de 200 Hz) foi posicionado no centro de uma das retas para o registro da velocidade do andar. A anÁlise estatÍstica consistiu em ANCOVAs one-way (grupo), sendo controladas pela velocidade do andar. A ANCOVA revelou diferenÇa na concentraÇÃo de HbO2 do hemisfÉrio esquerdo entre os grupos G30 e G60 (fase inicial: p=0,003; fase final: p=0,002) e entre os grupos G30 e G50 (fase inicial: p=0,005). Os grupos G50 e G60 apresentaram maiores valores na concentraÇÃo de HbO2 durante o andar usual em comparaÇÃo com o grupo G30. Estes resultados sugerem que o aumento da atividade do cÓrtex prÉ-frontal durante o andar usual pode ter inÍcio antes dos 60 anos. Este aumento representa um andar menos automatizado, com utilizaÇÃo de recursos cognitivos prÉ-frontais (atenÇÃo e funÇÃo executiva). Apoio FAPESP (2016/21499-1; 2014/22308-0; 2018/0738-5) e CNPq (166467/2017-0; 147763/2017-7; 309045/2017-7; 429549/2018-0).