Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

PINTURA COM TINTAS NATURAIS NO CONTEXTO DE UMA ESCOLA DO CAMPO: UMA EXPERIÊNCIA A PARTIR DO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

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Com isso seus conteúdos podem ser adaptados a um contexto próprio, visando sempre, mediar a conscientização e o acesso aos conhecimentos sistematizados já acumulados pela sociedade. A escola então, possui papel fundamental na formação plena do estudante, que após esse processo de formação, passa a compreender os conteúdos contextualizados a sua realidade. Porém, tal fator implica, muitas vezes, em uma busca por alternativas e uso de recursos diferenciados que contemplem as especificidades do campo. Diante desse contexto, acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Dois Vizinhos, por meio do programa Residência Pedagógica, realizaram uma atividade interdisciplinar didático-pedagógica, envolvendo a formulação de pigmentos naturais, adequando esta prática a conteúdos como história dos números, representação de frações, surgimento da escrita, pigmentação, formação e composição das cores, entre outros. A escolha desta atividade se deu pelo fato de a escola estar inserida em um contexto de pequenos agricultores que, por sua vez, possuem muitas alternativas de produtos que favorecem a extração de pigmentos como repolho roxo, açafrão, carvão, terra, beterraba etc. Este trabalho teve como objetivo abordar a interdisciplinaridade na sala de aula e mostrar aos estudantes a possibilidade de produzir tintas naturais utilizando produtos do campo, de acesso facilitado com baixo custo e tendo resultados satisfatórios. A atividade foi desenvolvida no início do segundo semestre de 2018, com a turma do 6º ano do Ensino Fundamental em uma escola do campo denominada Colégio Estadual do Campo São Francisco do Bandeira, localizada no interior de Dois Vizinhos - PR. Com esta atividade também foram realizadas outras de cunho específico, as quais contemplavam individualmente cada conteúdo já trabalhado, com intuito de abranger a teoria e como forma de fixação e avaliação. Em muitos momentos explorar o belo da ciência, da arte, da matemática é satisfatório, porém em determinados casos é importante utilizar-se do tradicional, do método de fixação por repetição. No entanto, são poucos aqueles que passaram por uma sala de aula e não tiveram o contato com o lúdico e com atividades prazerosas, alcançando a satisfação de desvendar a lógica de um problema matemático, por exemplo, então por que não explorar tanto o trabalho, quanto o lazer? Esta união, busca satisfazer necessidades básicas do ser humano, pois o conduzem a memorização, ao raciocinio lógico, a criatividade de criar e recriar (BOCHNIAK, 1998). E trabalhar com criações por meio de tinturas normalmente é algo muito interessante, além disso, abre possibilidades de explorar diversos temas. Ao longo da história descobriu-se a possibilidade de formular composições de pigmentos sintetizados quimicamente, essas descobertas trouxeram para a atualidade inúmeros benefícios. Assim, atualmente os pigmentos podem ser produzidos de diversas maneiras, envolvendo composições naturais de origem mineral ou artificiais de origens químicas (CRUZ, 2007). Com base nesse contexto, os estudantes foram instigados a realizar a extração dos pigmentos, para isto, os residentes juntamente aos estudantes realizaram um levantamento de quais seriam os produtos e materiais necessários. Após a escolha, foi dividido o que cada um, dentro de suas possibilidades, iria trazer e a melhor data para a realização da atividade, além disso foi orientado para trazerem objeto que gostariam de pintar independente do material. No dia correspondente, trouxeram objetos de madeira, construídos em casa pelos estudantes, rochas, papelão, tecidos; fizeram as extrações e prepararam as tintas. Os estudantes ficaram livres para usar a criatividade em seus desenhos, alguns além de utilizarem as tintas na pintura dos objetos, também fizeram desenhos em folhas A4. Em outra aula, foi explorado sobre o que aprenderam com o uso das tinturas naturais e realizado a introdução dos conteúdos relacionados, de forma interdisciplinar, sendo que para cada conteúdo desenvolveu-se uma atividade em folha A4, para a história dos números foi utilizado um jogo denominado "Um passeio na história dos números". As atividades foram desenvolvidas em contraturno, afim de haver mais tempo e espaço para realizar a atividade. No geral, as atividades foram muito bem aceitas pelos estudantes que estiverem atentos e cumpriram todas as orientações propostas. Não houve problemas com indisciplinas e segundo a maioria dos estudantes a preparação e utilização das tintas naturais eram desconhecidas, pois pensavam ser inviável. Uma das maiores surpresas demonstrada foi a extração do pigmento do repolho roxo que liberou cor azul e o verniz natural. Muitas vezes esse tipo de atividade é descartada ou até rejeitada por alguns professores que alegam, como barreira principal, a indisciplina e o barulho das turmas que acaba atrapalhando o andamento da aula, fazendo com que o docente perca a autonomia em sala, assim como salienta Gama e Fiorentini (2009), tal aversão está mais presente, principalmente em professores que estão em seu início de carreira, pois segundo eles, a indisciplina e a gestão em sala passa a ser uma das principais dificuldades. Porém, os estudantes demonstraram um parecer muito contrário às indagações dos docentes, pois permaneceram atenciosos e dedicados, buscando realizar a melhor pintura. No momento de trabalhar com os conteúdos de forma interdisciplinar houve a participação quase que massiva dos estudantes que conseguiram argumentar sobre sua experiência ligando conceitos sobre a história dos números, formas de comunicação dos ancestrais por meio de pinturas, cores primárias secundárias e terciárias e tonalidades, processo de formação de cores nas plantas e importância de conhecer sobre tais conceitos. Ainda, além deste, outros temas podem ser explorados dependendo da necessidade. Levando em conta este trabalho e sua importância para os estudantes das escolas do campo, conclui-se que trabalhar conteúdos fundamentados na prática, visando contemplar o contexto dos estudantes faz com que compreendam, por diversas visões, os saberes construídos historicamente. Palavras-chave: interdisciplinaridade, pigmentos, educação, campo Referências BOCHNIAK, R. Questionar o Conhecimento: A interdisciplinaridade na escola... e fora dela. Editora Edições Loyola, 2º Edição. Revista e ampliada. Coleção Educar 14. São Paulo, 1998. ISBN: 85-15-00579-4. CRUZ, A. C. Os pigmentos naturais utilizados em pinturas. Campo Grande. Lisboa, Portugal, 2007. Disponível em:. Acesso em: 20/09/2018. GAMA, R. P.; FIORENTINI, D. Formação continuada em grupos colaborativos: professores de matemática iniciantes e as aprendizagens da prática profissional. Educ. Matem. Pesq., São Paulo, v.11, n. 2, pp. 441- 461, 2009. Disponível em: . Acesso em: 20/09/2018. SEED-MEC. Secretaria de Educação à Distância-Ministério da Educação. Indagações sobre o currículo do Ensino Fundamental. Salto para o Futuro. Boletim 17, ISSN 1518-3157, set./ 2007. "
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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

PINTURA COM TINTAS NATURAIS NO CONTEXTO DE UMA ESCOLA DO CAMPO: UMA EXPERIÊNCIA A PARTIR DO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA Vladileia Tochetto Gonçalves Ferreira/ leiagftochetto@gmail.com / Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Dois Vizinhos Luciana Boemer Cesar Pereira/ UTFPR - Câmpus Dois Vizinhos Luiz Carlos Gomes / Colégio Estadual do Campo São Francisco do Bandeira - Dois Vizinhos Roberto Gonçalves Ferreira/ UTFPR - Câmpus Dois Vizinhos Rafael de Campos Eleuterio/ UTFPR - Câmpus Dois Vizinhos Vanessa Gonçalves Vieira/ UTFPR - Câmpus Dois Vizinhos Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores - com ênfase na análise de experiência, programas e políticas. Agência Financiadora: Universidade Tecnológica Federal do Paraná/CAPES Resumo As escolas do campo contemplam metodologias voltadas à realidade dos estudantes, com currículo dinâmico, contextualizado, flexível; unido a valorização do trabalho coletivo (SEED, 2007). 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A escolha desta atividade se deu pelo fato de a escola estar inserida em um contexto de pequenos agricultores que, por sua vez, possuem muitas alternativas de produtos que favorecem a extração de pigmentos como repolho roxo, açafrão, carvão, terra, beterraba etc. Este trabalho teve como objetivo abordar a interdisciplinaridade na sala de aula e mostrar aos estudantes a possibilidade de produzir tintas naturais utilizando produtos do campo, de acesso facilitado com baixo custo e tendo resultados satisfatórios. A atividade foi desenvolvida no início do segundo semestre de 2018, com a turma do 6º ano do Ensino Fundamental em uma escola do campo denominada Colégio Estadual do Campo São Francisco do Bandeira, localizada no interior de Dois Vizinhos - PR. Com esta atividade também foram realizadas outras de cunho específico, as quais contemplavam individualmente cada conteúdo já trabalhado, com intuito de abranger a teoria e como forma de fixação e avaliação. 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