Indubitavelmente, o cinema, ou se preferir, a "sétima arte", é um dos hobbies mais populares e difundidos no mundo. Todavia, é possível a conciliação desta arte com a educação, ou, mais especificamente, com o aprendizado da Química? Através da série da televisão estadunidense "Breaking Bad", consideramos que é possível despertar o interesse dos alunos pela busca do conhecimento. Talvez pelo caráter ficcional, muitos não se atentam que os procedimentos químicos na maior parte do roteiro produção são reais. O presente trabalho tem como objetivo organizar um material de auxílio para os professores de Química e de Ciências, bem como uma fonte de incentivo para que os alunos tenham mais interesse pela química, demonstrando que uma aula não se restringe a métodos tradicionais como o quadro e o giz, utilizando como fonte de interesse e formas de ensino este popular seriado. A questão que norteou este projeto e pesquisa foi o interesse de estimular o ensino das áreas de ciências exatas e das ciências biológicas através de abordagens diferentes, e que também pudesse ser útil em diferentes tipos de escolas. Pensávamos em algum método diferente, que não fosse entediante - afinal são disciplinas complexas e de difícil assimilamento, em que pese a importância - e também que despertasse prazer e estímulo na busca do conhecimento. Nesse percurso, surgiu a ideia da utilização dos episódios deste seriado estaduninense, "Breaking Bad", num esforço da articulação entre o aprendizado e o lúdico. Se o cinema foi criado com o propósito de ser um divertimento, entretenimento para as massas populares, hoje, com o avanço e sofisticação das produções cinematográficas, constatamos que além de peça de entretenimento, é uma importante ferramenta de auxilio do ensino. O trabalho está organizado por meio de pesquisa sobre o seriado, com a produção de relatórios sobre o que pode ser transformado em material didático, e ainda o livro "Breaking Bad", da editora Dark Side, que descreve várias curiosidades, explica diversos fatores químicos, e explicita parte considerável da obra. Ao longo dos episódios, é possível explorar uma grande quantidade de conceitos de Química, como, por exemplo: S1 (Ep01) - Walter White (Bryan Cranston), o protagonista, fabrica gás fosfina, que pode ser usado nas aulas de Química Inorgânica. S1 (Ep02) - Em uma determinada cena, Walter White (Bryan Cranston) explica para Jesse Pinkman (Aaron Paul) o porquê de ele não poder usar o ácido fluorídrico em uma banheira de cerâmica, e sim utilizá-lo em polietileno, que se encaixa nas aulas de Compostos Inorgânicos e de Reações Químicas. S1 (Ep06) Walter White (Bryan Cranston) se apresenta como "Heisenberg" e utiliza fulminato de mercúrio para chantagear Tuco Salamanca (Raymond Cruz). O fulminato de mercúrio pode auxiliar nas aulas sobre Compostos Químicos. S1 (Ep07) Walter White (Bryan Cranston) e Jesse Pinkman (Aaron Paul) usam a reação térmite para derreterem uma fechadura, que pode ser outro exemplo para ser utilizado em Composto Químico. S2 (Ep09) Walter White (Bryan Cranston) e Jesse Pinkman (Aaron Paul) vão para o deserto para fabricação de metanfetamina e a bateria do trailer, e Jesse dá a ideia para Walter criar uma bateria improvisada, que pode ser mostrada na área de Eletroquímica, e por não ser um experimento perigoso, os alunos podem reproduzi-lo. S5 (Ep16) Walter White (Bryan Cranston) fabrica ricina para envenenar Gustavo Fring (Giancarlo Esposito): este tema pode ser estudado na matéria de Bioquímica. Certamente, alguns das dezenas dos tipos de conteúdo, podem ser passados com a exibição da série. Em uma turma de 20 (vinte) alunos, onde estes autores são voluntários em um projeto de extensão do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), chamado "Vestibulinho", que reúne alunos que pretendem fazer a prova para cursar o Ensino Médio integrado da instituição, organizamos e aplicamos um questionário, onde 15 (quinze) alunos já haviam assistido a série. Nenhum deles, entretanto, nada aprenderam com a série; apenas 4 (quatro) sabiam que os procedimentos químicos da série eram reais; nenhum sabia o que era ácido fluorídrico; 2 (dois) sabiam o que eram polietilenos; e nenhum sabia o motivo do ácido fluorídrico não dissolver o polietileno. Após o questionário, explicamos os diversos pontos da Química nos quais o seriado pode auxiliar na compreensão do conteúdo estudado. Expusemos, também, sobre o ácido fluorídrico, polietilenos e o motivo do ácido não dissolver o polietileno. Após o término da explicação, reaplicamos o questionário, e 14 (quatorze) alunos souberam responder o que era ácido fluorídrico, 19 (dezenove) conseguiram explicar o que era polietileno e 15 (quinze) conseguiram descrever o motivo de do ácido fluorídrico não dissolver o polietileno. Aqueles que não assistiram a série, despertaram o interesse em assisti-la, e quem já havia visto, decidiu revê-la. A partir do trabalho, foi possível concluir que existe uma melhoria significativa no ensino com a conciliação entre educação e cinema. É necessário, portanto, que os professores procurem métodos e formas de ensino para aulas mais atraentes e que despertem o interesse do alunado no estudo. Assim, certamente, o rendimento dos alunos nas aulas e nas notas será melhor. O uso de mídias cinematográficas pode ser de grande contribuição para os professores quando forem trabalhar determinados tipos de conteúdo com os seus alunos, afinal alguns assuntos mais complexos e abstratos são de difícil compreensão, principalmente aqueles que aparentemente não têm relação com o cotidiano do alunado. Referências GILLIGAN, Vince. Breaking Bad: Estados Unidos: AMC, 20 de janeiro de 2008 a 29 de setembro de 2013 PIOVESAN, Angélica et al. Cinema e Educação: Disponível em: < http://geces.com.br/simposio/anais/wp-content/uploads/2014/04/CINEMA _E_EDUCA CAO.pdf> Acesso em: 12 out. 2018. THOMSON, David (Org). Breaking Bad: Rio de Janeiro: Dark Side, 2017.