Este artigo contempla o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) a partir de um crescente processo de medicalização, fruto do marco de uma sociedade hiperativa. O surgimento do capitalismo ocasionou uma mudança radical na sociedade, o neoliberalismo gestou a conhecida “crise do processo civilizatório”, gerando sujeitos com características amplamente modernas: impaciência, imediatismo, impulsividade e ansiedade, são algumas das várias patologias surgidas no bojo da civilização moderna-industrial-capitalista, respaldos que afetam diretamente nos diagnósticos de TDAH, aumentando bruscamente a utilização de medicamentos cada vez mais cedo. Diagnóstico esse, pautado, apenas, no indivíduo, não contemplando as outras questões como o contexto social da criança e/ou seu histórico familiar. Partindo disso, objetivamos por meio desta pesquisa explanar sobre o universo do TDAH, contextualizando com esse processo de medicalização, como também compreender a sociedade hiperativa e seus respaldos na vida individual e coletiva, contemplando a luz da Psicologia Histórico-cultural o papel da escola quanto ao processo de transição das funções psíquicas elementares para superiores, mais especificamente a atenção e trazer reflexões pertinentes quanto ao conteúdo da presente pesquisa. A metodologia utilizada para o devido fim é de cunho qualitativo, por meio da pesquisa de campo, onde realizamos uma entrevista semiestruturada com duas professoras da rede municipal de ensino. Os principais resultados indicam que a rotulação ainda é muito forte no contexto educacional, e que cada vez mais os alunos diagnosticados com esse transtorno são medicalizados a fim de se enquadrarem na sociedade, como também não atrapalharem o processo de ensino.